Lista de Espécies Ameaçadas do MMA 2014 – O que mudou?

Segue segunda parte do artigo abordando as mudanças na Lista de Espécies Ameaçadas do MMA, publicada em Dezembro de 2014. Veja a primeira parte do artigo aqui.

Feltro-de-água, Oncosclera jewelli, retirada da Lista Nacional 2014. Foto de Hope Ginsburg.

Esponjas

Para as esponjas de água doce, todas as onze espécies da lista de 2004 foram retiradas da lista revisada, e duas novas espécies foram acrescentadas. São duas espécies endêmicas e conhecidas somente na sua localidade-tipo, na BA e RS:

Quatro espécies da lista de 2004 são reclassificadas como DD:

As demais não são mencionadas, sendo, portanto classificadas como LC:

Náiade Gigante Anodontites trapesialis, retirada da Lista Nacional 2014, atualmente classificada como LC. Foto de Walther Ishikawa. 

Moluscos

Outro grupo com grandes mudanças foram os Moluscos Bivalves, das 26 espécies da lista de 2004, permanecem somente duas:

Algumas outras espécies da lista de 2004 foram classificadas como DD ou NT:

Algumas outras espécies que não estavam na lista de 2004 podem ser vistas na lista de NT/DD:

As demais não são mencionadas, sendo, portanto, consideradas LC:

Caramujo cavernícola Spiripockia punctata, incluído na Lista 2014 como EN. Fotos de Luiz Ricardo L. Simone, extraído da quarta referência (Simone, 2012). 

Mudanças importantes também nos Gastrópodes, permanece uma espécie cavernícola de 2004 (a primeira, abaixo), e foram acrescentadas mais duas espécies de cavernas:

            Foi incluída a Ampulária Pomacea sordida, endêmica do RJ, que já constava na lista deste estado, e acrescentadas mais duas espécies endêmicas de SC (Lymnaea) e GO (Plesiophysa). Vale à pena lembrar que não se trata das espécies de Pomacea ou Lymnaea habitualmente vistas em aquarismo.

Physa marmorata, incluída na Lista Nacional 2014 como VU. Foto de Walther Ishikawa.

            Uma espécie que tem gerado bastante discussão é a inclusão do Physa marmorata como espécie vulnerável:

Embora presente em diversos estados do Brasil, sendo muitas vezes descrita como “cosmopolita”, alguns trabalhos têm demonstrado um declínio populacional na última década, por degradação ambiental e por competição com a invasora Physa acuta, mais resistente e prolífica. Estima-se uma redução de cerca de 35% na população de Physa marmorata nos próximos 5 anos.

Para nós, aquaristas, uma observação importante é a de que a quase totalidade de Physas identificadas como P. marmorata em sites e fóruns de aquarismo não é esta espécie. Para a correta identificação de Physas, veja o artigo aqui.

Três outros gastrópodes de água doce são mencionados nas listas NT e DD:

Bibliografia:

• http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/ 
• Machado ABM, Drummond GM, Paglia AP. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção - 1.ed. - Brasília, DF : MMA; Belo Horizonte, MG : Fundação Biodiversitas, 2008. 2v. (1420 p.): il. - (Biodiversidade ; 19). 
• Almerão MP, Rudolph E, Souty-Grosset C, Crandall K, Buckup L, Amouret J, Verdi A, Santos S, Araujo PB. (2015) The native South American crayfishes (Crustacea, Parastacidae): state of knowledge and conservation status. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems 25:10.1002/aqc.v25.2, 288-301.  
• Simone LRL. (2012). A new genus and species of cavernicolous Pomatiopsidae (Mollusca, Caenogastropoda) in Bahia, Brazil. Papéis Avulsos de Zoologia 52 (40): 515–524. 
• Agudo-Padrón AI. The little limnic/ freshwater snail Physa marmorata Guilding, 1828: a “cosmopolitan mollusk” threatened with extinction in Brazil ??? FMCS Newsletter Ellipsaria 05/2015; 17(2):27-28. 
• Agudo-Padrón AI. Balance of the Brazilian molluscs "officially recognized" as threatened of extinction, with special emphasis in species occurring in the Southern Region. Braz. J. Biol. Sci. 2015, vol. 2, n. 3, p. 173-175.

Agradecimentos ao Prof. Sérgio Luiz de Siqueira Bueno (LEEUSP), Éden Timotheus Federolf, Hope Ginsburg e Prof. Luiz Ricardo L. Simone (MZUSP) pela permissão do uso das fotos no artigo. Agradecemos também ao Prof. Ulisses dos Santos Pinheiro (UFPE), pela consultoria sobre as esponjas dulcícolas.