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Cogumelos Aquáticos
 
Macrofungos aquáticos
Artigo publicado em 04/09/2020, última edição em 15/11/2023.




Cogumelos Aquáticos


Cogumelos são seres que despertam a curiosidade humana há milênios, com uma grande diversidade de formas, tamanhos e cores, deliciosas espécies comestíveis, outras mortalmente venenosas, e outras ainda contendo potentes substâncias alucinógenas. São organismos essencialmente terrestres, foi somente nas últimas décadas que as raríssimas variedades que frutificam debaixo d´água têm ganhado algum destaque, tanto na mídia popular quanto em literatura científica. O que motivou a elaboração deste artigo foram os relatos cada vez mais comuns entre aquaristas reportando cogumelos crescendo em troncos e galhos submersos, a espécie exata ainda está sendo estudada por nossa equipe para uma determinação mais precisa. O artigo também traz algumas outras espécies de cogumelos aquáticos, além da famosa Psathyrella aquatica, outras menos conhecidas mas mais comuns, como as Vibrissea. Curiosamente, não há nenhuma espécie descrita em território brasileiro (exceto aquela em aquários), possivelmente por uma carência de pesquisas na área. É provável que existam espécies nativas, que esperamos que sejam descobertas em breve.




O que são Fungos?

 

O reino Fungi é um grupo taxonômico que inclui, além dos cogumelos, os bolores e mofos, como aqueles que crescem sobre restos de ração e troncos introduzidos no aquário sem tratamento. Também inclui um grande número de organismos invisíveis a olho nu, como leveduras e agentes que podem causar enfermidades em peixes ornamentais e outros organismos aquáticos. Estes fungos aquáticos microscópicos são bastante comuns e numerosos, e desempenham um importante papel na decomposição de matéria orgânica, especialmente de origem vegetal.

 

Trata-se de um grupo monofilético, são organismos eucariontes heterotróficos, uma característica própria é o fato de possuírem quitina e glucanos na parede celular, diferente das plantas, que têm celulose. Decidimos mencioná-los no nosso website por ser um organismo bastante curioso encontrado em aquários. Claro que não são invertebrados, mas lembrando que embora em muitos aspectos lembram plantas, hoje se sabe que são mais aparentados aos animais.

 

 

Classificação dos Fungos. E o que são Fungos Aquáticos?

 

A classificação dos fungos permanece bastante controversa, com muitas revisões recentes baseadas em dados filogenéticos moleculares. A mais aceita é baseada nas suas estruturas reprodutivas, reconhecendo sete filos: Microsporidia, Chytridiomycota, Blastocladiomycota, Neocallimastigomycota, Glomeromycota, Ascomycota e Basidiomycota. Exceto os dois últimos grupos, todos são seres microscópicos, na sua maioria parasitas ou sapróbios (decompositores), e não tem maior interesse para nós, aquaristas, exceto pelo fato de alguns causarem doenças em peixes e invertebrados ornamentais (como os microsporídios).

 

Ascomycota e Basidiomycota são os filos que incluem os fungos visíveis a olho nu, estão agrupados no sub-reino Dikarya, e serão estes os abordados neste artigo. Ascomycota são conhecidos como fungos de saco, e constituem o maior grupo entre os Eumycota. As trufas, fungos subterrâneos bastante apreciados na culinária pertencem a este grupo, assim como alguns outros cogumelos. Também estão incluídos neste grupo os mofos e bolores comuns, e a porção fúngica dos líquens. Basidiomycota são conhecidos como fungos de bastão, a maioria dos cogumelos pertence a este grupo, bem como patógenos de plantas como as ferrugens e os carvões. Leveduras têm representantes nos dois grupos.

 

O número de espécies aquáticas de água doce é bastante controverso, estima-se em cerca de 600 espécies de Ascomycota (sem incluir os Líquens, aproximadamente 250 espécies) e poucas espécies aquáticas de Basidiomycota, cerca de 40 (excetuando-se leveduras). São organismos pouco estudados, e estes números são claramente subestimados. Também é importante lembrar que a vasta maioria destas espécies são microscópicas, invisíveis a olho nu.


Vale a pena lembrar também que muitos organismos que popularmente são chamados de "fungos" em aquariofilia não são fungos. Por exemplo, é bastante comum em aquários a Saprolegnia, lembrando tufos de algodão de cor branca ou acinzentada, em restos de alimentos em decomposição, troncos sem tratamento adequado, e eventualmente como doença de peixes e outros animais aquáticos. Pertencem ao filo Oomycota, um grupo de taxonomia bastante confusa, inicialmente eram classificados como fungos, depois como protozoários, atualmente considera-se como sendo próximos a diatomáceas e algas marrons.    

 

 


Saprolegnia que surgiram em um tronco ornamental sem tratamento adequado. Não são fungos verdadeiros. Foto gentilmente cedida por Arno J. Krumenauer.



O que são Cogumelos? Fungos e Cogumelos são a mesma coisa?

 

Muitos imaginam que o cogumelo seja o próprio organismo fúngico. Na realidade, o cogumelo é a estrutura de frutificação destes fungos. O fungo em si é composto por uma rede de hifas que permeiam o substrato sobre o qual o cogumelo cresce (como o solo ou o tronco de uma árvore), e o cogumelo é somente a estrutura reprodutora destes seres. Fazendo uma analogia com uma árvore frutífera, o cogumelo é somente o fruto. Todo o restante da árvore (tronco, galhos, folhas, raízes) corresponde à rede de hifas ocultas.

 

Por se tratar somente de um artigo informativo para leigos e aquaristas, escolhemos abordar aqui apenas os “cogumelos aquáticos”, ou seja, somente aqueles fungos aquáticos que tenham corpos de frutificação visíveis a olho nu. Embora fungos aquáticos sejam comuns, cogumelos aquáticos são absoluta exceção entre estes organismos, com menos de uma dezena de espécies conhecidas. Serão rapidamente mencionadas também os líquens aquáticos.







Cogumelo aquático, surgiu em um galho submerso num aquário de camarões anões em São Paulo, SP. Fotos gentilmente cedidas por Mil Marques.



Xylaria (?) sp. Hill ex Schrank (1789)


Há diversos relatos de surgimento de estruturas em troncos e galhos submersos em aquários ornamentais no Brasil. O que motivou a elaboração deste artigo são estes organismos. São formações ramificadas de base enegrecida e extremidades brancas, com alguma variação na sua forma, algumas vezes atarracados e grossos, com a extremidade mais aplainada, outras vezes mais longas e com aspecto de fitas. Seu aspecto lembra bastante o fungo terrestre Xylaria, um gênero cosmopolita com mais de 100 espécies, com várias espécies encontradas no Brasil.


É um fungo terrestre Ascomycota saprofítico que cresce justamente sobre madeira apodrecida (o nome do gênero vem do grego xýlon, madeira). Em especial, o aspecto dos fungos nos aquários é bastante semelhante à espécie mais comum, Xylaria hypoxylon, que também é a espécie-tipo do gênero (chamado em inglês de "stag´s horn" ou "candle-snuff fungus"). Trata-se de um fungo terrestre, mas curiosamente os registros na Nova Zelândia são bastante atípicos. Lá, esta espécie foi mais comumente encontrada crescendo em troncos submersos decorticados em água corrente.

 


Cogumelos aquáticos que surgiram num tronco submerso num aquário de camarões anões. Fotos gentilmente cedidas por Felipe Duarte. A imagem que abre o artigo também é de sua autoria.



Cogumelos aquáticos que surgiram num tronco submerso num aquário de camarões anões, em Francisco Beltrão, PR. Na última imagem, na porção emersa de um tronco. Fotos gentilmente cedidas por Claudemir M. Moreira.




Cogumelos aquáticos que surgiram num tronco submerso num aquário de camarões anões, em Vargem Grande Paulista, SP. Fotos gentilmente cedidas por Euclides Moraes.




Cogumelos aquáticos que surgiram num tronco submerso num aquário em São Paulo, SP. Fotos gentilmente cedidas por Lucas A. Santo.



Cogumelo aquático encontrado em um aquário de camarões ornamentais, em MG. Foto gentilmente cedida por Daniel Pereira da Costa.


Outro exemplo de cogumelo aquático encontrado em um aquário ornamental, em Porto Alegre, RS. Foto cedida por Lucas Jesus.



Cogumelos aquáticos num tronco submerso em um aquário, este é um dos poucos relatos que temos em outros países, no caso, nas Filipinas. Foto gentilmente cedida pelo usuário Reddit Ohsnapitsjaycee.




Xylaria hypoxylon, exemplares terrestres. Fotos de Jan de Laat e Jan Nijendijk, Freenatureimages (Licença Creative Commons, veja as imagens originais aqui).



Psathyrella aquatica J.L.Frank, Coffan, & Southworth (2010)

 

Provavelmente o cogumelo aquático mais famoso é a Psathyrella aquatica, descoberta em 2010, na ocasião recebeu bastante atenção na mídia, em blogs e sites científicos. É o único cogumelo aquático com lamelas (“gills”) na parte inferior do chapéu, de cor castanho clara, podendo atingir 10 cm de altura. Encontrada exclusivamente no Rio Rogue, no Oregon (EUA), um rio de águas límpidas e frias, crescendo sobre troncos submersos, aderido a pedregulhos, ou diretamente sobre o solo argiloso. Foram encontradas em profundidades de até 0,5 m. 

Psathyrella é um gênero Basidiomycota numeroso, com espécies que se desenvolvem em habitats terrestres secos ou úmidos, inclusive com uma espécie registrada para o sul do Brasil (RS). Porém, P. aquatica é a única espécie que cresce submersa. Seus esporos são escuros, e são eliminados submersos junto a um bolsão de ar represado abaixo do chapéu, e insetos aquáticos parecem estar envolvidos na sua dispersão também. Os cogumelos têm vida relativamente longa, estimado em cerca de 11 semanas. Recentemente, houve sucesso na reprodução desta espécie in vitro. A reprodução e desenvolvimento de cogumelos só ocorreu submersa, e com o ambiente em baixas temperaturas. 










Psathyrella aquatica, todas as fotos e vídeo no Rio Rogue, Oregon, EUA. A última imagem é a mais recente, assim como o vídeo, ambas de 2020. Fotos gentilmente cedidas por Robert A. Coffan.



Cogumelo aquático de espécie desconhecida, surgiu em um tronco submerso introduzido em um aquário ornamental na região Sul de Ontário, Canadá. O tronco foi coletado em região próxima. O cogumelo acabou se destacando do tronco, devido à correnteza. Fotos gentilmente cedidas por Nick Visser.

 


Vibrissea truncorum (Alb. & Schwein.) Fr. (1822) e V. filisporia (Bonord.) Korf & A.Sánchez, 1967

 

Ascomycota Vibrissea truncorum talvez seja a espécie mais comum de cogumelo aquático. É encontrado em climas frios e temperados das Américas (ocorrência no Chile na América do Sul), Europa e Ásia. Cresce em pedaços de madeira em decomposição que estejam encharcados ou submersos em água fria, geralmente água corrente. Em inglês são chamados de “water cub” ou “aquatic earth-tongue”. São pequenos cogumelinhos de cabeça redonda alaranjada ou rosada. Seus esporos são dispersos na água.

 

V. filisporia é uma espécie próxima, um pouco mais incomum, encontrada na Europa e América do Norte. Sua biologia é semelhante, mas seu aspecto é um pouco distinto, com cogumelos curtos e atarracados, parecendo pequenos tambores. O topo é claro, de cor bege esbranquiçada. Além destas duas espécies, existem outras espécies próximas de Ascomycota que frutificam submersas também no Japão, Tailândia e Costa Rica.

 



Vibrissea truncorum, fotografada em Krkonose, República Tcheca. Foto gentilmente cedida por Zdenka Kryspínová.



Vibrissea decolorans, fotografada em Ráztoky, Javorníky, Eslováquia. Outra espécie mais incomum do mesmo gênero. Foto gentilmente cedida por Filip Fuljer.




Cogumelos aquáticos de espécie desconhecida (Vibrissea? Cudoniella?) que surgiram em grande número num tronco submerso em um aquário em Rastatt, Baden-Württenberg, Alemanha. Fotos gentilmente cedidas por Gilberto Almeida.



Cudoniella clavus (Alb. & Schwein.) Dennis (1964)

 

Cudoniella clavus também é um Ascomycota comum, frequentemente encontrado frutificando debaixo d´água. Encontrado em climas frios e temperados da América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. Cresce em galhos e pedaços de madeira encharcados ou submersos em água fria. São pequenos cogumelos de cor clara, o disco medindo até cerca de 1,2 cm, até cerca de 2 cm de altura. Possui grande variabilidade na morfologia, podendo ter um aspecto mais alongado e extremidade arredondada, ou curto com o chapéu côncavo, em forma de taça.

 





Cudoniella clavus, fotografada no Parque Nacional Podyjí, Morávia do Sul, República Tcheca. Fotos gentilmente cedidas por Marek Čapoun.



Mitrula Fr. (1821)

 

Chamadas popularmente de "swamp beacon", "bog beacon" ou "matchstick fungus", diversas espécies do gênero Ascomycota Mitrula são encontradas frutificando em áreas pantanosas alagadas, as mais comuns são M. elegans e M. lunulatospora, na América do Norte, e M. paludosa na Europa e Ásia. São impossíveis de se diferenciar sem analisar os esporos. Diferente da maioria dos cogumelos deste artigo, não é lignícola, crescendo sobre folhas, agulhas de coníferas e debris submersos, em locais frios, rasos e de pouca correnteza. Atingem até 4 cm de altura, se parecem com pequenos fósforos, com a extremidade lisa e lobulada de cor amarelo-dourada, e haste clara translúcida, geralmente frutificando na primavera.





Mitrula paludosa, fotos de Jan Nijendijk, Freenatureimages (Licença Creative Commons, veja a imagem original aqui).



Mitrula elegans, fotografada próxima a Mill Brook, Lovell, Maine, EUA. Foto de Jimmie Veitch, Mushroom Observer (Licença Creative Commons, veja a imagem original aqui).



Sclerotinia sulcata (Roberge ex. Desm.) Whetzel 1945

 

Sclerotinia sulcata é um Ascomycota frequentemente encontrado em áreas alagadas da América do Norte, é um cogumelo de maiores dimensões, podendo atingir 5 cm de altura. Possui um aspecto em taça, acastanhado e finamente pubescente, com a haste mais escura e enegrecida. Tipicamente frutifica na primavera, sendo encontrado em áreas pantanosas montanhosas sem correnteza. 




Sclerotinia sulcata, fotografada em Lakeland Co., Alberta, Canadá. Foto de Chris Hay, Mushroom Observer (Licença Creative Commons, veja a imagem original aqui).



Adelphella babingtonii (Berk. & Broome) Pfister, Matočec & I. Kušan, 200

 

Outro Ascomycota comum, mas muitas vezes não visto devido às suas cores pardas, é o Adelphella babingtonii. É considerado sinônimo de Pachiella babingtonii. Trata-se de um cogumelo séssil e discoidal, sem haste, em forma de "almofada", lisa e brilhante, gelatinosa, com cerca de 5 mm (ate 10 mm). Geralmente de cor parda avermelhada, marrom ou ocre claro. Frutifica sobre madeira em decomposição, em ambientes alagados ou aquáticos.  Encontrado em climas frios e temperados da América do Norte e Europa.

 



Adelphella babingtonii, fotografado na França, foto de Nicholas Van Vooren, Ascomycete.org (Licença Creative Commons, veja a imagem original aqui).



Gloiocephala aquatica Desjardin, Martinez-Peck & Rajchenberg, 1995

 

Gloiocephala aquatica é um fungo Basidiomycota descoberto em 1995 no Lago La Zeta, em Chubut (Sul da Argentina), crescendo em águas geladas sobre uma planta aquática (Scirpus), muitas vezes sob uma fina camada de gelo. Além do lago, foi coletada em diversas lagoas artificiais eutrofizadas da região. Os fungos têm um aspecto de manchas enegrecidas sobre o caule de gramíneas submersas, estas manchas são placas pseudoescleróticas sobre as quais crescem diminutos cogumelos gelatinosos de até 5 mm de diâmetro. Destacamos esta espécie no artigo por ser um registro sul-americano, na nossa vizinha Argentina. O gênero ocorre no Brasil, com uma espécie terrestre registrada no RJ e PR.

 



Gloiocephala aquatica, fotografada no Lago La Zeta, Chubut, Argentina. A escala na foto tem 4 mm. Fotos gentilmente cedidas por Dennis E. Desjardin, extraídas de Desjardin DE, et al. Mycologia 1995.



Mycocalia reticulata (Petch) J.T. Palmer, 1961

 

O gênero Mycocalia é um fungo Basidiomycota terrestre bastante comum, seus corpúsculos de frutificação lembram pequenos ninhos de pássaros com ovos dentro. M. reticulata foi coletada em madeira submersa no Lago Barrine, Far North Queensland (Austrália). Produz agrupamentos de peridiolos em forma de disco de até 8 mm com uma cobertura esbranquiçada. É um dos poucos registros tropicais de cogumelos aquáticos.

 



Mycocalia reticulata, fotografado na França. Foto de CL Martinique, cortesia de Mycologues Associes.



Veja a segunda parte do artigo, com Bibliografia, créditos fotográficos e agradecimentos aqui.

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