INÍCIO ARTIGOS ESPÉCIES GALERIA SOBRE EQUIPE PARCEIROS CONTATO
 
 
    Espécies
 
"Macrobrachium chryseus"  
Artigo publicado em 07/11/2020, última edição em 04/10/2025  



Nome em português: Camarão-fantasma.

Nome em inglês: -
Nome científicoMacrobrachium chryseus (Kensley & Walker, 1982)

Origem: Norte da América do Sul, Bacia Amazônica
Tamanho: fêmeas com até 3,5 cm
Temperatura da água: 28-33° C
pH: 5.5-6.7
Dureza: mole

Reprodução: abreviada, todo o ciclo em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

        Macrobrachium chryseus é um pequeno camarão amazônico transparente, podendo ser categorizado como um "camarão fantasma". Até pouco tempo era classificado no gênero Pseudopalaemon, que recentemente (2025) foi sinonimizado com Macrobrachium baseado em estudos moleculares. Raramente é visto no hobby, embora tenha potencial como espécie ornamental.

            Etimologia: Macrobrachium vem do grego makros (longo, grande) e brakhion (braço); e chryseus significa dourado em grego, em referência à coloração do animal.






Distribuição geográfica de Macrobrachium chryseus. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e demais referências.



Origem


            Esta espécie de camarão tem distribuição relativamente ampla, sendo encontrada na Bacia Amazônica, no Brasil (estados do Amazonas, Pará, Amapá e Roraima), Venezuela e Colômbia. São mais comuns no leque noroeste da bacia, principalmente na bacia do Rio Negro, mas são encontrados também na região mais oriental, distribuindo-se até a baía de Caxiuaná e nordeste do Pará.

    São tipicamente encontrados em igapós rasos, em meio ao folhiço submerso de leitos de rios e em pequenos córregos contíguos aos igapós. Também encontrados em rios, igarapés, veredas de buritis e lagos. Passam boa parte do tempo escondidos em meio à serrapilheira ou macrófitas. raramente são coletados em locais de águas claras. Frequentemente simpátricos com Palaemon carteri.

É uma espécie comum e bem distribuída, categorizada como Menos Preocupante (LC) pela IUCN.

 


 



Aparência

            Exemplares vivos são semi-transparentes, com pálida cor dourada e com finas linhas de cromatóforos vermelhos. Massa gástrica manchada de cromatóforos negros, visíveis lateral e dorsalmente. Machos medem até 2,4 cm, fêmeas até 3,5 cm.

         Como todo Macrobrachium, possuem o espinho antenal e hepático, mas não o espinho branquiostegal. 

Rostro: igual ou pouco mais longo do que a carapaça, ultrapassando ligeiramente o escafocerito; reto dorsalmente e um pouco curvado para cima distalmente e ligeiramente convexo na face inferior. Margem superior com 8~9 dentes regularmente distribuídos, com dois dentes antes da curva orbital. Margem inferior com 3 a 5 dentes.

Quelípodos: delgados e lisos, dedos da quela fechados em quase todo o seu comprimento, cruzados distalmente. Quela do tamanho do carpo, dedos tão longos ou menores que a palma, cada um com 2 diminutos dentes proximais na face cortante. Mero 2/3 do comprimento do carpo.

Pereiópodos 3 a 5 aumentando gradativamente de comprimento.






Macrobrachium chryseus, fotografado no Rio Kiwiuni, em Manaus, AM. As imagens em close mostram detalhes da sua anatomia. Fotos de Juan Miguel Artigas Azas.





Parâmetros de Água

 

Amazônicos, são encontrados em ambientes de águas negras, com águas bastante ácidas e moles. Nos locais de coleta os parâmetros foram pH médio de 5.5, baixa condutividade elétrica. São encontrados também em locais com pH um pouco mais elevado, de até 6.7, e raramente em águas claras. A temperatura variou de 28 a 33ºC.

 

 

 

Dimorfismo Sexual

 

Fêmeas são um pouco maiores que os machos, medindo até 3,5 cm. Fêmeas possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de incubação. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas isto é bem difícil em animais vivos.

Há também uma sutil diferença no rostro, fêmeas com o rostro anterolateralmente mais curvado do que no macho. Tendem a ter um corpo mais robusto do que os machos. Dimorfismo também nas quelas, mais robustas nas fêmeas, dedos mais fortes e com uma fenda. Dedos mais curtos do que a palma.

 





Macrobrachium chryseusfêmea ovada coletada em Manaus, AM, foto de James Bessa.





Reprodução

M. chryseus é uma espécie com reprodução especializada, gerando ovos grandes e pouco numerosos, elípticos, medindo cerca de 1,3 x 1,9 mm. Assim como os demais palaemonídeos, a fêmea passa por uma muda pré-acasalamento, e logo após o macho deposita seu espermatóforo. Após algumas horas a fêmea libera os ovos, que são fertilizados e se alojam nos pleópodes. As fêmeas carregam entre 14 a 43 ovos em cada prole, o período de eclosão é de até dois dias.

Período larval com três fases bentônicas, já nascendo com pereiópodes funcionais, medindo 4,7 mm. O tempo de desenvolvimento é de cerca de 7 dias, em que não se alimentam.



 

Macrobrachium chryseusexemplar filmado na Lagoa dos Índios, Macapá, AP. Vídeo cortesia de Daniel Pereira da Costa. 

 



Comportamento

 

Há poucos relatos de criação em aquários, com breves menções principalmente em artigos científicos. É uma espécie ativa, se movimentando por todo o aquário, desde que não haja potenciais predadores. Bastante dóceis, podem ser mantidos com outros peixes e invertebrados, desde que estes sejam pacíficos. A maior parte do dia permanecem entre a vegetação e folhiço submerso no fundo, alimentando-se de algas e biofilme. 

 



Alimentação

 

Na natureza, são onívoros com predileção por fungos, larvas de insetos e esponjas, baseado no seu conteúdo estomacal. Em aquários preferem se alimentar de algas, mas comem também restos de ração dos peixes. São bastante úteis como faxineiros, coletando restos de alimentos em locais inacessíveis a outros animais.

 

 

 

 

Bibliografia: 

  • Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Kensley B, Walker I. Palaemonid shrimps from the Amazon basin, Brazil (Crustacea: Decapoda: Natantia)Smithsonian Contributions to Zoology, 1982, 362, 1-36.
  • Walker I, Ferreira MJN. (1985). On the Population Dynamics and Ecology of the Shrimp Species (Crustacea, Decapoda, Natantia) in the Central Amazonian River Tarumã-Mirim. Oecologia, 66(2), 264-270.
  • Oliveira LJF, Sant’Anna BS, Hattori GY. (2017) Reproductive potential of four freshwater prawn species in the Amazon region, Invertebrate Reproduction & Development61:4, 290-296.
  • Pimentel FR. Taxonomia dos Camarões de Água Doce (Crustacea: Decapoda: Palaemonidae, Euryrhynchidae, Sergestidae) da Amazônia Oriental: Estados do Amapá e Pará. Dissertação (Mestrado). MCT/INPA, Manaus, 2003. 
  • Santos MAL dos, Castro PM de, Magalhães C. 2018. Freshwater shrimps (Crustacea, Decapoda, Caridea, Dendrobranchiata) from Roraima, Brazil: species composition, distribution, and new records. Check List 14(1): 21-35.
  • Santos MAL dos. Composição e Distribuição da Fauna de Camarões de Água Doce (Crustacea: Decapoda) no Estado de Roraima,Brasil. 2016. 95 f. Dissertação (Biologia de Água Doce e Pesca Interior) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, 2016.
  • Valencia DM, Campos MR. Freshwater shrimps of the Colombian Tributaries of the Amazon and Orinoco Rivers (Palaemonidae, Euryrhynchidae, Sergestidae). Caldasia, 2010, 32(1): 221-234.
  • Magalhães C, Walker I. Larval Development and Ecological Distribution of Central Amazonian Palaemonid Shrimps (Decapoda, Caridea). Crustaceana, Vol. 55, No. 3 (Nov., 1988), pp. 279-292.
  • Pimentel FR, Magalhães C. Palaemonidae, Euryrhynchidae, and Sergestidae (Crustacea: Decapoda): Records of native species from the states of Amapá and Pará, Brazil, with maps of geographic distribution. Check List 10(6): 1300–1315, 2014.
  • Magalhães C. The Larval Development of Palaemonid Shrimps from the Amazon region reared In the laboratory. V. Abbreviated development of Pseudopalaemon chryseus Kensley & Walker, 1982 (Crustacea: Decapoda: Palaeomonidae). Acta Amaz. 1986/1987; 16/17: 95-108.
  • De Grave, S. 2013. Pseudopalaemon chryseusThe IUCN Red List of Threatened Species 2013: e.T198026A2509080. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2013-1.RLTS.T198026A2509080.enDownloaded on 07 November 2020.
  • Mota TA, De Grave S, Carvalho FL. A Review of the Biology and Taxonomy of Freshwater Shrimps of the South American Genus Pseudopalaemon Sollaud, 1911 (Decapoda: Palaemonidae). Arthropoda. 2025; 3(1):4.
  • Mota TA, De Grave S, Carvalho FL. Multigene analysis reveals that Pseudopalaemon Sollaud, 1911 is a junior synonym of the widespread genus Macrobrachium Spence Bate, 1868 (Decapoda: Caridea: Palaemonidae). Journal of Crustacean Biology. 2025; 45(3) ruaf048.



Agradecimentos especiais ao colega Juan Miguel Artigas Azas (México), colaborador do iNaturalist, e aos aquaristas James Bessa e Daniel Pereira da Costa que nos cederam gentilmente o uso das suas fotos e vídeos para o artigo. 
 
« Voltar  
 

Planeta Invertebrados Brasil - © 2025 Todos os direitos reservados

Desenvolvimento de sites: GV8 SITES & SISTEMAS