INÍCIO ARTIGOS ESPÉCIES GALERIA SOBRE EQUIPE PARCEIROS CONTATO
 
 
    Espécies
 
"Pseudopalaemon gouldingi"  
Artigo publicado em 01/07/2021, última atualização em 26/03/2022  


Nome em português: Camarão-de-rio.

Nome em inglês: -
Nome científicoPseudopalaemon gouldingi Kensley & Walker, 1982

Origem: Norte da América do Sul, Bacia Amazônica e Orinoco
Tamanho: fêmeas com até 3,4 cm
Temperatura da água: 28-33° C
pH: 6.8-7.2
Dureza: mole a intermediária

Reprodução: abreviada, todo o ciclo em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

        O gênero Pseudopalaemon é endêmico da América do Sul, está representado no Brasil por cinco pequenas espécies, quatro delas encontradas na bacia amazônica, e a quinta no sul do Brasil. Dentre as espécies amazônicas, uma espécie comum e com distribuição ampla é o Pseudopalaemon gouldingi. Raramente é visto no hobby, embora tenha grande potencial como espécie ornamental.

            Etimologia: Pseudo vem do grego pseudes, “falso”; Palaemon é outro gênero de pequenos camarões transparentes, de águas doces, salobras e salgadas. E gouldingi é uma homenagem ao biólogo Dr. Michael Goulding do INPA, que coletou os primeiros exemplares desta e de várias outras espécies de camarões amazônicos.







Distribuição geográfica de Pseudopalaemon gouldingi. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e demais referências.



Origem


            Esta espécie de camarão tem distribuição relativamente ampla, sendo encontrada na Bacia Amazônica, no Brasil (estados do Amazonas e  Roraima) e Bacia do Orinoco na Colombia e Venezuela. No Brasil são comuns na bacia do Rio Negro.

          Um pequeno camarão que parece ser desta espécie foi registrado por um colaborador do site, na região norte de Rondônia (fotos adiante).

    É uma espécie comum e bem distribuída, categorizada como Menos Preocupante (LC) pela IUCN.

 


 



Aparência

            São pequenos camarões de água doce, porém, diferente de outras espécies, possuem uma pigmentação bastante marcante e característica. Fêmeas maiores, medem até 3,4 cm.

         Como todo Pseudopalaemon, o padrão de espinhos da carapaça é idêntico ao dos Macrobrachium, possuindo o espinho antenal e hepático, mas não o espinho branquiostegal. No caso do Pseudopalaemon gouldingi, o espinho antenal é grande, e o hepático menor. A diferenciação com o Macrobrachium é feita pelo aspecto das mandíbulas, o Pseudopalaemon não possui palpo, enquanto que o Macrobrachium possui um palpo tri-articulado.

Rostro: mais curto do que a carapaça, bastante convexo sobre a órbita. Margem superior com 8~13 dentes regularmente distribuídos, com 2-3 dentes antes da órbita. Margem inferior com 1 a 3 dentes.

Quelípodos: relativamente robustos se comparado com as demais patas, dedos com mesmo comprimento da palma, e com faces cortantes inteiras e setosas; carpo cerca de 1/3 mais curto do que o mero.

Pereiópodos 3 a 5 tornando-se mais finos e alongados posteriormente.

Olhos com córnea discretamente achatada, sem ocelo. Pleura do quarto somito abdominal posteroventralmente arredondada, e a do quinto retangular; quinto somito metade do sexto.



- Juvenis com coloração mais pálida, transparentes. Destacam-se os urópodos e telso de cor escura, enegrecida. Faixa escura longitudinal na região ventral abdominal, de cor vinhosa enegrecida. A metade basal dos dedos dos quelípodos são escuros, assim como a extremidade do pedúnculo antenular.
 
- Adultos pequenos (especialmente machos) de cor translúcida marrom-café claro com manchas opacas claras café-argila, de aspecto "sujo", perfeitamente camuflados nos córregos e remansos onde habitam, com fundo arenoso claro. Estas manchas predominam na região dorsal mediana, formando uma faixa irregular estendendo-se desde o rostro até o último segmento abdominal. Esta pigmentação clara é presente também nos olhos, nos pedúnculos antenulares e na antênula curta, e esparsos nas pernas e quelípodos. As antenas e antênulas longas são transparentes, mas marcadas por pequenos pontinhos intermitentes de cor clara. Assim como nos juvenis, permanece a coloração escura no telso e urópodos, mas são lateralmente margeados por pigmentação clara. A faixa escura ventral abdominal também permanece.     

- Adultos pequenos (especialmente fêmeas reprodutoras) de cor amarelo translúcido com leve tom alaranjado claro nas articulações dos segundos pereiópodos. Pode ter a faixa longitudinal dorsal clara, como o morfotipo anterior. Alguns têm as partes moles em tons mais avermelhados.


















Juvenis de
Pseudopalaemon gouldingi, coletados em Manaus, AM. Note o típico urópodo e telso escuro, e a faixa escura ventral abdominal. As últimas imagens mostram indivíduos maiores, de coloração já em transição para outras formas. Imagens e vídeos de James Bessa.




Parâmetros de Água

 

Amazônicos, são mais numerosos em ambientes de águas claras, com águas com pH próximo de neutro, mas são encontrados também em águas ácidas e moles. A temperatura variou de 28 a 33ºC.

 

 

 



Pseudopalaemon gouldingi, fêmea ovada coletada em Manaus, AM, imagens de James Bessa.



Dimorfismo Sexual

 

Fêmeas são um pouco maiores que os machos, possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de incubação. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas isto é bem difícil em animais vivos.











Pseudopalaemon gouldingi, machos fotografados e filmados em um aquário comunitário. Coletado em Manaus, AM, imagens e vídeo de James Bessa.




Reprodução

P. gouldingi é uma espécie com reprodução especializada, gerando ovos grandes e pouco numerosos, elípticos, medindo cerca de 1,5 x 1,0 mm. Assim como os demais palaemonídeos, a fêmea passa por uma muda pré-acasalamento, e logo após o macho deposita seu espermatóforo. Após algumas horas a fêmea libera os ovos, que são fertilizados e se alojam nos pleópodes. As fêmeas carregam cerca de 22 ovos em cada prole.

Período larval com três fases bentônicas, já nascendo com pereiópodes funcionais, medindo 4,7 mm. O tempo de desenvolvimento é de cerca de 7 dias, em que não se alimentam.











Pseudopalaemon gouldingi, fêmea ovada medindo cerca de 3 cm, coletada em Manaus, AM, imagens e vídeo de James Bessa.

 

 

Comportamento

 

Há poucos relatos de criação em aquários, com breves menções principalmente em artigos científicos. É uma espécie ativa, se movimentando por todo o aquário, desde que não haja potenciais predadores. Bastante dóceis, podem ser mantidos com outros peixes e invertebrados, desde que estes sejam pacíficos. A maior parte do dia permanecem entre a vegetação e folhiço submerso no fundo, alimentando-se de algas e biofilme. 

 




Provável
Pseudopalaemon gouldingi, coletada em riachos da região norte de Rondônia. Foto cortesia de Claudio Jardin.




Alimentação

 

Na natureza são onívoros, análises do seu conteúdo estomacal demonstraram algas diatomáceas, artrópodes (como larvas de insetos) e restos de plantas. Em aquários são bastante úteis como faxineiros, coletando restos de alimentos em locais inacessíveis a outros animais.

 

 

 

 

Bibliografia: 

  • Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Kensley B, Walker I. Palaemonid shrimps from the Amazon basin, Brazil (Crustacea: Decapoda: Natantia)Smithsonian Contributions to Zoology, 1982, 362, 1-36.
  • Magalhães C, Pereira G. Assessment of the decapod crustacean diversity in the Guayana Shield region aiming at conservation decisions. Biota Neotrop. 2007; 7(2).
  • Santos MAL dos, Castro PM de, Magalhães C. 2018. Freshwater shrimps (Crustacea, Decapoda, Caridea, Dendrobranchiata) from Roraima, Brazil: species composition, distribution, and new records. Check List 14(1): 21-35.
  • Santos MAL dos. Composição e Distribuição da Fauna de Camarões de Água Doce (Crustacea: Decapoda) no Estado de Roraima, Brasil. 2016. 95 f. Dissertação (Biologia de Água Doce e Pesca Interior) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, 2016.
  • Acevedo A, Lasso CA. 2017. Primer registro de cuatro especies de camarones de agua dulce (Palaemonidae) para Colombia. Biota Colombiana 18 (1): 206-216.
  • Pereira G, Lasso CA, Mora-Day J, Magalhães C, Morales-Betancourt MA, Campos MR. 2009. Lista de los crustáceos decápodos de la cuenca del río Orinoco (Colombia-Venezuela). Biota Colombiana 10 (1-2): 75-87.
  • Lasso CA, Señarìs JC, Alonso LE, Flores A. (Editores). 2006. Evaluación Rápida de la Biodiversidad de los Ecosistemas Acuáticos en la Confluencia de los ríos Orinoco y Ventuari, Estado Amazonas (Venezuela). Boletín RAP de Evaluación Biológica 30. Conservation International. Washington DC, USA.
  • De Grave, S. 2013. Pseudopalaemon gouldingiThe IUCN Red List of Threatened Species 2013: e.T197593A2492284. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2013-1.RLTS.T197593A2492284.enDownloaded on 01 July 2021.




Agradecimentos especiais aos aquaristas James Bessa e Claudio Jardin que nos cederam gentilmente o uso das suas fotos e vídeos para o artigo.
 
« Voltar  
 

Planeta Invertebrados Brasil - © 2024 Todos os direitos reservados

Desenvolvimento de sites: GV8 SITES & SISTEMAS