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"Macrobrachium candango"  
Artigo publicado em 10/01/2012, última edição em 09/04/2022  


 

Nome em português: Camarão de água doce, Camarão do Cerrado
Nome em inglês: -
Nome científico: Macrobrachium candango Mantelatto, Pileggi, Pantaleão, Magalhães, Villalobos & Álvarez, 2021

Origem: Brasília, DF.
Tamanho: até 7,0 cm.
Temperatura da água: 15-21° C
pH: 6.8-8.0

Dureza: moderada a dura
Reprodução
: especializada, em água doce
Comportamento: agressividade média
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

            É um camarão que só é encontrado em riachos na região de Brasília, onde é bastante comum. Eventualmente é encontrado à venda em lojas da região de Brasília.

       Até muito recentemente este camarão era denominado Cryphiops brasiliensis Corrêa, 1973. A validade deste gênero era questionada há muito tempo, até que em 2021 foi publicada análise filogenética usando DNA mitocondrial, mostrando que este gênero não possui variação genética suficiente para poder ser considerado como um grupo taxonômico próprio. Desta forma, esta espécie foi re-nomeada como Macrobrachium candango.


Etimologia: Macrobrachium vem do grego makros (longo, grande) e brakhion (braço); candango é um termo popular usado para aqueles que moram em Brasília. O nome antigo Cryphiops vem do grego kryptos (oculto), brasiliensis significa nativo do Brasil.



 


Origem

            Sua distribuição geográfica é bastante restrita, ocorrendo somente na região de Brasília, DF. Habita riachos no cerrado, como os afluentes da Bacia do Paranoá. É mais comum em altitudes elevadas, onde a água é mais fria.



 


Macrobrachium candango,
adulto, foto de Cleidson Silva.



Aparência

            São camarões de porte pequeno/médio, machos atingindo 7,0 cm, e fêmeas 6,0 cm. Coloração variável, desde indivíduos incolores, o mais comum é terem uma cor castanha escura, cinza enegrecida ou em tons de marrom, mimetizando-se com o fundo lodoso. Têm uma mancha clara irregular no dorso.

            Uma característica exclusiva do antigo gênero Cryphiops era o fato de possuírem somente o espinho antenal na carapaça, sem o espinho branquioestegal.

Rostro: Curto, quase reto, com a sua extremidade ligeiramente voltada para cima. Margem superior convexa e com 6~10 dentes, distribuídas regularmente, com o primeiro, ou 2 primeiros antes da órbita. Margem inferior geralmente com somente um dente.

Quelípodos dos machos: Comprimento médio, discretamente assimétrico nos machos, com finos dentículos. Dedos quase tão longos quanto a palma.

 



Macrobrachium candango, em um aquário. Fotos de Cleidson Silva.



Parâmetros de Água

 

Existem poucas informações a respeito das condições físico-químicas dos locais de coleta. Possivelmente vivam em locais de pH neutro para básico, em águas moderadamente duras. Apesar do clima quente do local, parecem preferir temperaturas mais amenas, sendo coletados em rios com temperatura entre 15 e 21ºC.




 







Macrobrachium candango, coletados em um riacho em Brasília, DF. Fotos de Igor Zimovski.




Dimorfismo Sexual

 

As fêmeas tendem a ser menores, com garras também menores. Possuem pleuras abdominais arqueadas e alongadas, formando uma câmara de incubação. Também podem ser diferenciados pela análise dos órgãos sexuais, mas isto é bem difícil em animais vivos.






Macrobrachium candango juvenil em um aquário. Fotos de Cleidson Silva.




Reprodução

            O Macrobrachium candango é uma espécie de camarão de água doce de reprodução em cativeiro muito fácil. Têm todo seu ciclo de vida em água doce, não necessitando de água salobra. São animais de reprodução especializada, gerando poucos ovos de grandes dimensões.

            Geram entre 38 a 61 ovos, que medem 4,4-7,7 mm. Pelo padrão reprodutivo, acredita-se que tenham um tempo de desenvolvimento dos ovos longo, de 1 a 2 meses, e um tempo de desenvolvimento larvar curto.

Os filhotes já nascem com maiores dimensões, não se alimentam até se tornarem pós-larvas, utilizando o material do seu saco vitelínico. Daí já aceitam alimentação inerte, o que leva a uma alta taxa de sobrevivência da prole, mesmo em aquários domésticos.





Dois camarões Macrobrachium candango em um aquário comunitário, fotos de Cleidson Silva.


 

Comportamento

 

É uma espécie ativa, se movimentando por todo o aquário, desde que não haja potenciais predadores. Possuem uma agressividade intermediária, não são totalmente inofensivos como os “Fantasmas”, mas também não são agressivos como os grandes “Pitús”. Podem ser mantidos em pequenos grupos, desde que se forneçam tocas e esconderijos, e em tanques maiores. A convivência com peixes é controversa, muitos relatam sucesso na manutenção com peixes maiores mas pacíficos.



Alimentação

 

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas a restos de ração dos peixes. Alimentam-se de animais mortos, inclusive outros camarões. São bastante úteis como faxineiros, coletando restos de alimentos em locais inacessíveis a outros animais.

 

 

Bibliografia:

  • Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Pileggi LG, Mantelatto FL. Molecular phylogeny of the freshwater prawn genus Macrobrachium (Decapoda, Palaemonidae), with emphasis on the relationships among selected American species. Invertebrate Systematics 24(2) 194–208. 2010.
  • Coelho PA, Ramos-Porto M. Camarões de água doce do Brasil: distribuição geográfica. Rev. Bras. Zool. 1984; 2(6): 405-410.
  • http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=38895
  • Mantelatto FL, Pileggi LG, Pantaleão JAF, Magalhães C, Villalobos JL, Álvarez F. Multigene phylogeny and taxonomic revision of American shrimps of the genus Cryphiops Dana, 1852 (Decapoda, Palaemonidae) implies a proposal for reversal of precedence with Macrobrachium Spence Bate, 1868. Zookeys. 2021 Jul 1;1047:155-198.
  • Nogueira CS, Mossolin EC, Ribeiro MCLB, Mantelatto FL. Filling gaps in the biology of the endemic and threatened freshwater shrimp Macrobrachium candango (Caridea: Palaemonidae) through basic morphometric and reproductive approaches. Nauplius. 2022, v. 30, e2022004.

 

 

Agradecimentos especiais ao aquarista Igor Zimovski, pela cessão das fotos para o artigo, e valiosas informações.

 
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