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"Trich. dentatus"  
Artigo publicado em 12/04/2014, última edição em 27/02/2023  


Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio, Goiaúna, Guaiaúna.
Nome em inglês: -
Nome científico: Trichodactylus dentatus H. Milne-Edwards, 1853

Origem: Sudeste da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de 4,6 cm
Temperatura: 20-28° C
pH: indiferente

Dureza: indiferente
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

Os Trichodactylus são os caranguejos dulcícolas mais comuns fora da bacia amazônica, são pequenos caranguejos totalmente aquáticos, de hábitos noturnos. Embora comuns, raramente são vistos no comércio aquarístico.

Devido à sua abundância, estes animais são importante componente da cadeia trófica de ambientes dulcícolas. Comestíveis, são também relevante fonte de alimentação para populações ribeirinhas.
            Etimologia: Trichodactylus vem do grego thríks (cabelo) e daktulos (dedo); dentatus significa com dentes, com origem no latim dēns (“dente”) +‎ -ātus ("o que possui").

 

Origem

           Espécie endêmica brasileira, com ocorrência nos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, sendo que sua distribuição coincide amplamente com os domínios da quase extinta Mata Atlântica. Além destas bacias costeiras, ocorre também na bacia do alto Rio Paraná.

Vivem em riachos límpidos, geralmente montanhosos, mas podem ser coletados também em lagoas e represas. Vive entre rochas ou vegetação aquática.

 


Distribuição geográfica de Trichodactylus dentatus. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.


Trichodactylus dentatus, fotografados e filmados na região de Itaoca, Mongaguá, SP. Fotos e vídeos gentilmente cedidas por Felipe Araújo.



Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Geralmente de cor marrom-escura avermelhada.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. Dentro da família, os Trichodactylus podem ser identificados baseados na forma do abdômen (segmentação de todos os somitos, sem fusão), e a escassez de dentes na margem da carapaça (até 5). O T. dentatus lembra o T. petropolitanus e T. fluviatilis, com distribuição semelhante, pode ser identificado por ter três dentes na borda ântero-lateral da carapaça, com os dois primeiros próximos entre si e um pouco afastados do terceiro; este sempre menor, às vezes vestigial. Sua carapaça é arredondada (orbicular), superfície dorsal inflada e não-carenada.

            Assim como estas duas outras espécies, o T. dentatus tem populações com alguma variação no padrão de dentição da carapaça.

 



Aspecto da borda ântero-lateral da carapaça: Trichodactylus dentatus com três dentes, os dois primeiros próximos entre si e um pouco afastados do terceiro, este sempre menor e às vezes vestigial; Trichodactylus petropolitanus com três dentes equidistantes; Trichodactylus fluviatilis com borda lisa, às vezes com um a três entalhes, ou no máximo um dente. Fotos de Carlos Magno e Walther Ishikawa.





Trichodactylus dentatus, encontrado em riachos e lagoas da RPPN Santuário Rã-bugio - Guaramirim, SC. Imagem cedida por Germano Woehl Jr. (Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade).



Trichodactylus dentatus, macho, animal fotografado em RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, Itaiópolis (SC). Imagem cedida por Germano Woehl Jr. (Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade).




Parâmetros de Água

 

É uma espécie robusta, bastante tolerante quanto às condições da água, mas se desenvolve melhor entre 20 e 28° C, pH e dureza indiferentes.

 

Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).

Machos são maiores, medem até 4,6 cm (largura da carapaça), fêmeas até 3,9 cm.







Trichodactylus dentatus, exemplar coletado no Rio Guandú, RJ. Fotos gentilmente cedidas por Carlos Magno.



Reprodução

Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. A reprodução ocorre nos meses mais quentes e chuvosos do ano.

Produzem poucos ovos de grandes dimensões, apresentam desenvolvimento pós-embrionário direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto. Por vários dias, os jovens são protegidos e carregados pelas fêmeas sob o abdome, caracterizando cuidado parental.






Trichodactylus dentatus no aquário, exemplar coletado no Rio Guandú, RJ. Fotos de Carlos Magno.



Comportamento

 

São animais totalmente aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. Porém, suportam algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Fugas são bastante frequentes, o aquário deverá ser sempre mantido bem tampado.

Não são agressivos, porém possuem garras potentes, e acidentes podem ocorrer. Existem diversos relatos de sucesso na manutenção destes animais em aquários comunitários, sem agressividade com peixes e camarões. Invertebrados bentônicos fazem parte da sua dieta, assim, deve-se atentar somente à presença de caramujos ornamentais, que serão rapidamente predados. Pelo mesmo motivo, caranguejos muito pequenos (da mesma, ou outra espécie) correm riscos de predação. Plantas tenras podem ser devoradas também.

Não são animais muito ativos, têm movimentação lenta, sempre que possível preferindo ficar imóveis. Por serem escavadores, não são indicados para tanques com substrato fértil, ou com layout ornamental. Adultos têm hábitos noturnos, e costumam ficar entocados até anoitecer, jovens são mais ativos durante o dia.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.











Trichodactylus dentatus
fotografado em Aparecida, SP. Fotos de Lucas Asof.



 

Alimentação

 

Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes. Como mencionado, caçam ativamente caramujos e outros pequenos invertebrados, e podem se alimentar também de plantas com folhas tenras.

 


 

Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Mossolin EC, Mantelatto FL. Taxonomic and distributional results of a freshwater crab fauna survey (Family Trichodactylidae) on São Sebastião Island (Ilhabela), South Atlantic, Brazil. Acta Limnol. Bras., 2008, vol. 20, no. 2, p. 125-129.
  • Carvalho EAS de. Sistemática e revisão taxonômica dos caranguejos de água doce do gênero Trichodactylus Latreille, 1828 (Decapoda: Trichodactylidae) [tese]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto; 2018.

 

 

 

Agradecimentos aos amigos aquaristas e biólogos Carlos MagnoFelipe Araújo, Lucas Asof e Germano Woehl Jr. ( Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade ) pela cessão das fotos e vídeos para o artigo.
 
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