Caranguejo
de Água Doce – Sylviocarcinus maldonadoensis
Nome
em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio, Araruta.
Nome em inglês: -
Nome científico: Sylviocarcinus maldonadoensis Pretzmann, 1978
Origem: Rio Amazonas, América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de 4 cm
Temperatura: 25-34° C
pH: ácido
Dureza: mole
Reprodução: especializada,
todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil
Apresentação
O Sylviocarcinus maldonadoensis é uma espécie de caranguejo
dulcícola que é encontrado ao longo de toda a distribuição do Rio Amazonas, desde o Peru até a foz brasileira. De pequeno/médio porte, são totalmente
aquáticos, de hábitos noturnos.
Não têm importância em aquarismo, mas é um importante componente da
cadeia trófica de ambientes dulcícolas da bacia amazônica. Comestíveis, são
também fonte de alimentação para populações ribeirinhas.
Etimologia: Sylvio tem etimologia incerta, ou é
derivado de um nome próprio, de origem desconhecida, ou do latim silva (floresta); carcinus vem do grego karkinos
(caranguejo). E maldonadoensis significa nativo de Maldonado, uma referência à cidade peruana de Puerto Maldonado, onde foi coletado o espécime-tipo.
Sylviocarcinus maldonadoensis, junto com outros caranguejos de água doce. Fotografados em Abaetetuba, Pará. Fotos
gentilmente cedidas por Ademir Heleno A. Rocha.
Origem
O caranguejo Sylviocarcinus devillei tem ampla
distribuição ao longo de toda a extensão do Rio Amazonas, sendo encontrado desde a região de Puerto Maldonado (Madre de Dios, Peru), estados do AM e PA no Brasil, até a foz brasileira do rio. Porém, os limites norte e sul da sua distribuição são desconhecidos. Ocorre também na Bolívia.
Vivem
em áreas marginais entre ou sobre pedras, ou
galhada submersa. Também encontrada em covas rasas. É uma das espécies de caranguejo mais comumente coletadas em armadilhas para camarões (Matapis), perto da foz do Amazonas.
Distribuição geográfica de Sylviocarcinus maldonadoensis. Imagem
original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.
Aparência
Cefalotórax
de altura média, arredondado. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes
quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Pequeno a médio porte, carapaça mede até 4,1 cm de largura.
Existem duas
famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae.
Os primeiros podem identificados por dois detalhes:
dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode.
A espécie Sylviocarcinus maldonadoensis é
identificada pela sua fronte reta ou suavemente côncava, desarmada, somente com tênues grânulos indistintos. A margem ântero-lateral da
carapaça exibe 3-4 dentes acuminados ou rombudos, que podem ser desvanecidos em
exemplares grandes. Há fusão dos somitos abdominais (III-V
coalescentes).
Geralmente de cor acinzentada homogênea. Não apresenta as manchas tão comuns em outros Sylviocarcinus amazônicos.
Sylviocarcinus maldonadoensis, fotografados em Abaetetuba, Pará. Fotos
gentilmente cedidas por Ademir Heleno A. Rocha.
Parâmetros
de Água
É uma espécie
robusta, tolerante quanto às condições da água, mas é nativo da Bacia
Amazônica. Ou seja, se desenvolve
melhor em temperaturas mais altas, águas moles e ácidas.
Dimorfismo Sexual
Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da
análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo,
onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais
robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).
Reprodução
Todo seu ciclo de vida se dá em água
doce. Produzem poucos ovos de grandes dimensões, apresentam desenvolvimento pós-embrionário
direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são
liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto. Há aparentemente um predomínio de fêmeas sobre machos, numa proporção de 2:1.
Sylviocarcinus maldonadoensis, fotografados em Abaetetuba, Pará. Foto de Ademir Heleno A. Rocha.
Comportamento
São animais totalmente aquáticos, não
necessitando vir à superfície para respirar. Porém, suportam algum tempo fora
d´água, principalmente se houver umidade. Fugas são bastante frequentes, o
aquário deverá ser sempre mantido bem tampado.
Agressivos, especialmente os
indivíduos maiores. Invertebrados bentônicos fazem parte da sua dieta, assim, deve-se
atentar à presença de caramujos ornamentais, que serão rapidamente predados. Pelo
mesmo motivo, caranguejos muito pequenos (da mesma, ou outra espécie) correm
riscos de predação. Plantas tenras podem ser devoradas também.
Por serem escavadores, não são
indicados para tanques com substrato fértil, ou com layout ornamental. Adultos
têm hábitos noturnos, e costumam ficar entocados até anoitecer, jovens
são mais ativos durante o dia.
Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros
animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação
completa da carapaça.
Alimentação
Não são nada
exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos
peixes. Como mencionado, caçam ativamente caramujos e outros pequenos
invertebrados, e podem se alimentar também de plantas com folhas tenras.
Bibliografia:
- Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In:
Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do
Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
- Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family
Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune
Tropicale 31).
- Magalhães C, Türkay M.
Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae II. The
genera Forsteria, Melocarcinus, Sylviocarcinus and Zilchiopsis (Crustacea: Decapoda:
Trichodactylidae). Senckenbergiana
Biologica, v.75, p. 97-130, 1996.
- Cumberlidge,
N. 2008. Sylviocarcinus
maldonadoensis. The IUCN Red List of Threatened Species 2008:
e.T133980A3884208. Downloaded on 09 July 2017.
- Lima JF, Silva TC, Silva LMA, Garcia JS. Brachyuran
crustaceans from the bycatch of prawn fisheries at the mouth of the Amazon
river. Acta Amaz. 2013 Mar; 43(1): 91-98.
Agradecimentos ao professor Ademir Heleno A. Rocha (veja seu blog aqui ), por permitir o uso do material fotográfico. |