Nome em português: Caranguejo de água doce,
Caranguejo vermelho.
Nome em inglês: -
Nome científico: Goyazana castelnaui H. Milne-Edwards, 1853
Origem:
Brasil, Centro e Leste
Tamanho: carapaça com largura de 5,1 cm
Temperatura: 20-28° C
pH: indiferente
Dureza: indiferente
Reprodução: especializada,
todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil
Apresentação
É uma espécie muito
próxima do Dilocarcinus pagei,
inclusive até pouco tempo atrás era classificada neste gênero. Também são pequenos caranguejos aquáticos, com coloração
avermelhada.
Etimologia: Goyazana diz respeito ao estado brasileiro de
Goiás; castelnaui é uma homenagem ao explorador francês François Louis
Nompar de Caumont LaPorte, comte de Castelnau (1810-1880).
Goyazana castelnaui, coletado no Rio São Pedro, Ouricuri, PE. Foto gentilmente cedida por Francisco Ronaldo Vieira Freita.
Origem
Espécie endêmica brasileira, possui ampla distribuição na região
central e leste do país. É encontrado nas bacias Amazônica (alto Xingu e
Araguaia-Tocantins), dos rios Paraguai, São Francisco e alto Paraná, além das bacias
costeiras do Maranhão e Sergipe. Ocorre nos estados do Pará, Maranhão,
Tocantins, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e
Piauí.
Espécie típica de rios de planalto,
mas vivem em variados corpos d´água, riachos, lagos e represas, e também em
terrenos que sofrem inundação periódica. No Piauí foram encontradas em lagoas
temporárias, e em Pernambuco em tributárias temporárias do São Francisco,
demonstrando a grande capacidade adaptativa desta espécie.
Distribuição geográfica de Goyazana castelnaui. Imagem
original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e demais referências.
Goyazana castelnaui, fotografados à noite, nas margens do Rio São Pedro, Ouricuri, PE. Fotos gentilmente cedidas por Francisco Ronaldo Vieira Freita.
Aparência
Muito
parecido com o Dilocarcinus pagei, praticamente indistinguíveis
numa visão dorsal. Mas sua carapaça é menos avermelhada,
em tons de vinho, e o abdômen de adultos têm uma cor vinho intensa. Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente. Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. Dentro da família, existem diversos caranguejos que historicamente eram classificados como Dilocarcinus, e posteriormente separados em outros gêneros, Goyazana, Fredilocarcinus, Moreirocarcinus e Poppiana, baseados principalmente no aspecto do gonópodo. Quase todos são praticamente idênticos numa visão dorsal, indistinguíveis para o leigo (com poucas exceções, como P. dentata). Todos possuem carapaça suborbicular, convexa, com região frontal bilobada e lisa (exceto P. dentata). Margem ântero-lateral com seis a sete dentes agudos, além do dente orbital (poucas exceções, como F. apyratii com 6, e M. laevifrons com 7-8). Algumas fontes citam menos dentes no G. castelnaui, cinco a sete, e uma carapaça mais arredondada numa visão dorsal.
As chaves de
identificação mais usadas (como do Dr. Gustavo Melo e Thorp & Covich) baseiam-se no fato do Goyazana não apresentar fusão dos
somitos abdominais (exceto em algumas fêmeas de maior tamanho) para
diferenciá-los de outros gêneros. Porém, pelo menos a população de Pernambuco
mostra extensa fusão dos segmentos abdominais, com aspecto muito semelhante ao Dilocarcinus pagei, a diferenciação só
sendo possível através da análise do gonópodo. Felizmente não há muita
sobreposição na distribuição geográfica dessas duas espécies, somente em MT e
SP. Há maior sobreposição com o D.
septemdentatus, mas geralmente a distinção é fácil baseada na coloração.
A
diferenciação com a outra espécie de Goyazana
(G. rotundicauda), pode ser feita
pela forma do abdômen nos machos, triangular no castelnaui e arredondada no rotundicauda.
Goyazana castelnaui, fotografado em Campo Formoso, BA. Fotos de Ben Phalan (iNaturalist, Licença Creative Commons).
Detalhes do Goyazana castelnaui de Campo Formoso, BA. Fotos de Ben Phalan (iNaturalist, Licença Creative Commons).
Goyazana castelnaui, coletado no Rio São Pedro, Ouricuri, PE. Foto gentilmente cedida por Francisco Ronaldo Vieira Freita.
Goyazana castelnaui, comparação da anatomia do abdômens de machos. Dois primeiros exemplares coletados em Ouricuri, PE, com fusão dos somitos (fotos de Francisco Ronaldo Vieira Freita). Terceiro exemplar coletado em Paulino Nves, MA, com anatomia típica, sem fusão dos somitos (foto extraída de Andrade KSP, et al, Nauplius 2018 - Licença Creative Commons, veja o artigo original aqui ).
Parâmetros
de Água
É uma espécie
robusta, bastante tolerante quanto às condições da água, sendo
encontrada até em corpos d´água temporários no semiárido nordestino. A
temperatura média no local de coleta em Pernambuco foi de 27° C. Os demais parâmetros
parecem ser indiferentes, como pH e dureza.
Dimorfismo Sexual
Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da
análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo,
onde fixa seus ovos. Os machos também têm maiores dimensões, garras mais
desenvolvidas e assimétricas.
Duas fêmeas de Goyazana castelnaui, imagens ventrais. Coletadas em Ouricuri, PE. Fotos gentilmente cedidas por Francisco Ronaldo Vieira Freita.
Reprodução
Vivem em águas continentais, todo seu
ciclo de vida se dá em água doce. As informações sobre esta espécie são bastante
escassas, possivelmente apresentam um padrão reprodutivo similar aos Dilocarcinus, com desenvolvimento direto
e cuidado parental. A fecundidade média é de 221 ovos, o número máximo chegando a 287 (população de Pernambuco).
Há variação na descrição do período
reprodutivo, com um padrão sazonal e pico entre Setembro e Dezembro em alguns
locais, e um período reprodutivo continuo em outros.
Goyazana castelnaui, exemplares coletados no Rio São Pedro, Ouricuri, PE. Foto gentilmente cedida por Francisco Ronaldo Vieira Freita.
Comportamento
Embora sejam animais aquáticos, tem
hábitos anfíbios, suportando algum tempo fora d´água, principalmente se houver
umidade. Fugas são bastante frequentes, o aquário deverá ser sempre mantido bem
tampado.
São agressivos, não sendo recomendada
a sua manutenção com outros animais. Plantas tenras costumam ser devoradas
também. Adultos são escavadores, não são indicados para tanques com substrato
fértil, ou com layout ornamental. Têm hábitos noturnos, e costumam ficar
entocados até anoitecer.
Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros
animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação
completa da carapaça.
Goyazana castelnaui, coletado no Rio São Pedro, Ouricuri, PE. Foto extraída de Freita FRV et al, Panajas 2018 (Licença Creative Commons, veja o artigo original aqui ).
Alimentação
São onívoros, com
importante componente vegetal na dieta. Não são nada exigentes quanto à
alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes. Caçam pequenos
invertebrados, e podem se alimentar também de plantas com folhas tenras.
Bibliografia:
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- Lima Júnior TB,
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21:31-34. 2008.
- Magalhães C,
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Brasil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences , 8: 358-360.
- Freita FRV.
Biologia reprodutiva e populacional de Goyazana
castelnaui (Decapoda: Trichodactylidae) no Rio São Pedro, Ouricuri - PE
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Biologia reprodutiva do caranguejo Goyazana
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semiárido pernambucano. 2016. 145 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
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- Rogers DC, Magalhães C, Peralta M, Ribeiro FB, Bond-Buckup G, Price WW, Guerrero-Kommritz
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C, Latorre ER, Santos S. Chapter 23 - Phylum Arthropoda: Crustacea:
Malacostraca. In: Thorp and Covich's Freshwater Invertebrates (Fourth Edition),
Editors: D. Christopher Rogers, Cristina Damborenea, James Thorp. Academic
Press, 2020. p. 809-986.
Agradecimentos ao biólogo Dr. Francisco Ronaldo Vieira Freita e ao fotógrafo Ben Phalan por nos permitir usar suas fotos no artigo, e valiosas informações.
As fotografias de Ben Phalan (iNaturalist) e aquelas extraídas de Freita FRV, et al, PANAJAS 2013 e Andrade KSP et al. Nauplius 2018 estão licenciadas sob uma Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.
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