Aratu – Armases
rubripes
Nome em
português: Aratu, Caranguejo
Nome em inglês: -
Nome científico: Armases rubripes (Rathbun 1897)
Origem:
América Central e do Sul, costa atlântica
Tamanho: carapaça com largura de 2,0 cm
Temperatura: 20-28° C
Salinidade: tolerante a variações,
prefere baixa a média
Reprodução: parcialmente
abreviada, mas necessita de água salobra para as larvas
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil
Apresentação
Aratu é o nome popular de
diversos caranguejos semi-terrestres do mangue, principalmente da família dos
sesarmídeos. Dentre estes, uma espécie bastante comum é o Armases rubripes.
É um Aratu pequeno, e é uma das espécies mais bem adaptadas à vida continental,
suportando longos períodos emerso, e só dependendo de água salobra para a
reprodução.
O gênero Armases foi criado
em 1992, a partir da sub-classificação do gênero Sesarma, na ocasião um grupo bastante heterogêneo contendo mais de
125 espécies. Existem três espécies de Armases brasileiros: A. angustipes, A. benedicti e A. rubripes.
Até há pouco tempo
atrás (2001) o Armases rubripes era classificado como Metasesarma rubripes.
Etimologia: A palavra Armases é
uma “brincadeira” com Sesarma, é um
anagrama, praticamente a mesma palavra escrita de trás para frente; rubripes
vem do latim rubrum (vermelho) e pes, pedis (pé).
Armases rubripes, fotografado em João Pessoa, Paraíba. Foto de Houseman Araujo.
Distribuição geográfica de Armases rubripes. Imagem
original Google Maps; dados de Melo GAS 1996.
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Origem e habitat
Habita vários ambientes próximos
a áreas estuarinas das zonas tropicais e subtropicais das Américas Central e do
Sul, na sua costa atlântica. É encontrado desde a Nicarágua até o Rio de la Plata,
entre o Uruguai e a Argentina.
É um
caranguejo semi-terrestre, habitando áreas marginais adjacentes a estuários,
junto ao limite superior do mangue. Habitam um terreno quase seco e arenoso,
abaixo de rochas, junto à base de arbustos e entre a vegetação marginal.
Escavam tocas, mas habitam também fendas de rochas e troncos, além de tocas
cavadas por outros caranguejos. Com alguma freqüência é coletado no interior de
bromélias. Arborícola, mas em menor grau do que o Aratus pisonii.
Ocupam
diversos habitats de diferentes salinidades, desde desembocaduras de rios com
salinidade mais elevada, até terrenos mais interiores, com água quase doce.
Um grande Armases rubripes, fotografado no estuário do Rio de La Plata, em Montevideu, Uruguai. Fotos de Walther Ishikawa.
Macho de Armases rubripes, nas fotos são bem visíveis as areolações na carapaça, e seu formato, mais largo na frente. Fotos de Walther Ishikawa.
Aparência
São caranguejos achatados de pequeno porte, carapaça trapezoidal,
estreitada posteriormente, e pernas dispostas lateralmente. Olhos nas bordas
ântero-laterais da carapaça, pedunculados mas curtos. Podem ser confundidos com
juvenis de outras espécies de Aratus (Goniopsis,
Sesarma, Aratus), ou do Catanhão (Neohelice).
Podem ser diferenciadas dos Sesarmas
pelo aspecto estreito dos meros das pernas ambulatórias, e pelo aspecto
nodulado das garras, sem crista dorsal. A diferenciação com os outros Armases
é mais difícil, mas o formato da
carapaça, mais largo anterior do que posteriormente é um detalhe que auxilia
bastante.
Carapaça áspera, possuindo areolações semelhante aos Sesarmas. A face interna do mero do quelípodo possui uma expansão
triangular, denteada, na margem distal. Dáctilos das pernas ambulatórias sem
espinhos. Própodo mais largo e mais piloso na primeira pata no que nas demais.
Coloração variável, em tons ocres e padronagens miméticas. Dedos das
garras em tom vermelho-alaranjado, assim como os dedos das pernas (mais tênue),
daí seu nome científico.
Armases rubripes na porção aquática de um paludário salobro. Fotos de Walther Ishikawa.
Dimorfismo Sexual
Como quase todos os caranguejos,
a distinção pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, que fica
dobrado sobre a porção ventral da carapaça. Fêmeas possuem o abdômen largo,
onde incubam seus ovos. Nos machos, o abdômen é estreito.
Pequena fêmea de Armases rubripes, na porção aquática de um paludário salobro. Note as pequenas garras, e o abdomen largo. Foto de Walther Ishikawa.
Fêmea ovada de Armases rubripes, fotografado em Iguape, SP. Foto de Fábio Rosa Sussel.
Reprodução
Seu ciclo de vida é muito semelhante
ao de outros crustáceos semi-terrestres estuarinos. Durante a estação
reprodutiva, estes caranguejos lançam suas larvas na água durante a maré cheia,
que são levadas pela correnteza até o mar, onde permanecem por semanas até
retornarem para o estuário.
Reproduz-se continuamente ao
longo do ano, mas com um maior pico na primavera e verão. Produz pequenos ovos
esféricos, medindo 0,3 mm, num número que pode chegar a 12 mil ovos. Podem
ocorrer desovas sequenciais, pouco após a liberação das larvas.
O desenvolvimento dos ovos demora
cerca de 22 dias. O Armases rubripes é uma espécie com um padrão
reprodutivo parcialmente abreviado, composto de quatro estágios larvares
planctônicos (zoea) além do megalopa. Algumas populações brasileiras
(Paraná) mostraram cinco estágios de zoea
em laboratório, sugerindo que existam variações dentro da mesma espécie. O
tempo de desenvolvimento larvar também é de cerca de 22 dias, destes, cerca de
8 dias são da fase de megalopa.
Em
laboratório, as fêmeas liberam seus ovos em água doce ou salgada,
indiscriminadamente. As fases larvares iniciais são relativamente tolerantes a
baixas salinidades, sobrevivendo até cerca de dois dias em água doce, mas o
desenvolvimento completo só é possível em água salobra (20%o). Este fato sugere
que as larvas eclodam em águas de baixa salinidade (possivelmente até em água
doce), e sejam levadas pela correnteza até os estuários, onde encontram
condições favoráveis ao seu desenvolvimento final.
Armases rubripes em um paludário salobro. Na segunda foto, um macho logo após a ecdise, as garras estão translúcidas porque são membros recém-regenerados. Fotos de Walther Ishikawa.
Comportamento
São animais sociais, vivendo em colônias, mas
menos numerosas do que os Ucas. São
mais ativos à noite. Pacíficos, podem ser mantidos com outros caranguejos.
Porém, pelas suas pequenas dimensões, podem ser predados por animais maiores e
mais agressivos.
O Armases
rubripes é considerada uma espécie de transição, se encontrando num estágio
evolutivo intermediário entre o Aratus
pisonii, que é uma espécie arborícola, e as demais espécies terrestres de
sesarmídeos. Desta forma, mostra um comportamento parcialmente arborícola,
escalando troncos e subindo em árvores, onde obtém parte de sua alimentação.
É uma das espécies de Armases que produzem sons, emitindo um assobio quando molestados.
Armases rubripes em um paludário salobro, animais coletados em Caraguatatuba, São Paulo. Na segunda foto, dois machos em exibição. Fotos de Walther Ishikawa.
Alimentação
São onívoros, mas sua base alimentar é
constituída quase que exclusivamente por vegetais, sendo assim classificados
como herbívoros funcionais. Consomem também esporadicamente insetos e outros
pequenos animais. Assim como os Aratus
pisonii, suas peças bucais são adaptadas para consumirem alimentos mais
duros, como cascas de árvores, raízes e brotos das árvores do mangue, além de
folhas e madeira em decomposição. Aqueles que habitam bromélias se alimentam
das suas inflorescências.
Em cativeiro, necessitam de um balanço
adequado entre Fósforo e Cálcio, com predomínio deste último. Muitos criadores
fornecem suplementos de cálcio, como alimentos para répteis, ou pastilhas de
uso humano. É conveniente também evitar um excesso de proteínas na dieta,
mantendo uma dieta básica de vegetais. Outros alimentos não recomendados são o
espinafre (rico em ácido oxálico) e salsinha (alto teor de ácido prússico,
bastante tóxico para os caranguejos).
Armases rubripes escalando o fio elétrico do filtro, em um paludário salobro. Este animal escapou umas três vezes do tanque (com 90 cm de altura), até que por fim todas as fendas na tampa foram fechadas com adesivos e papel alumínio. Foto de Walther Ishikawa.
Outro caranguejo que também escalou o fio elétrico do filtro, pendurado de ponta-cabeça sobre a tampa do paludário. Foto de Walther Ishikawa.
Manutenção em
Aquaterrários
É uma das espécies de sesarmídeos mais bem
adaptada à vida terrestre, ficando praticamente todo o tempo emerso. Desta
forma, pode ser mantido em terrários somente com um pequeno recipiente com
água. Ao contrário de outras espécies, esta água pode ser doce, sem prejuízo na
qualidade de vida destes animais. Porém, pode ser criado também em
aquaterrários salobros.
É relativamente tolerante quanto a baixas
temperaturas, embora seja mais ativo entre 22 e 28° C.
Pelo seu hábito de escalar
objetos, é aconselhável que haja pedras, troncos e outros objetos no terrário. São exímios escaladores, o tanque deve ser
sempre mantido bem tampado, para evitar fugas. Pelo mesmo motivo, deve-se
atentar a troncos e outros objetos que possam ser usados como apoio pelos
animais para fugas. Consegue escalar até os cabos elétricos de filtros, uma sugestão
é ocluir bem qualquer pequena fresta na tampa do paludário por onde estes fios
adentram o tanque, por exemplo, com massas ou papel alumínio.
Armases rubripes na porção aquática de um paludário salobro. Foto de Walther Ishikawa.
Bibliografia:
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- Luppi TA, Spivak ED, Bas CC. The effects of temperature and
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rubripes Rathbun, 1897 (Brachyura, Grapsoidea, Sesarmidae), and the
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- Diaz H, Ewald JJ. A Comparison of the Larval Development of Metasesarma rubripes (Rathbun) and Sesarma ricordi H. Milne Edwards
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- Lima GV, Soares MRS, Oshiro LMY. Reproductive biology of the sesarmid
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- Niem VH. Phylogenetic and systematic position of Sesarma rubripes Rathbun, 1897 (Brachyura: Grapsidae). Zool. Med.
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- Oliveira CCF, Leme MHA.
Desenvolvimento embrionário e fecundidade do caranguejo Armases rubripes (Crustacea, Brachyura, Grapsidae) de uma região
estuarina de Ubatuba - SP. Rev. biociên.,
Taubaté, v.10, n. 3, p. 129-137, jul./set. 2004.
Agradecimentos ao fotógrafo Houseman Araujo e ao zootecnista Fábio Rosa Sussel pela cessão da foto para o artigo.
As fotografias
de Walther Ishikawa estão licenciados sob
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