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"Mikrotrich. faxoni"  
Artigo publicado em 20/08/2022  



Caranguejo de Água Doce – Mikrotrichodactylus faxoni


Nome em português: Caranguejo de água doce.
Nome em inglês: -
Nome científico: Mikrotrichodactylus faxoni  Rathbun, 1905

Origem: América do Sul, amazônico
Tamanho: carapaça com largura de até 1,9 cm
Temperatura: 25-34° C
pH: ácido
Dureza: baixa

Reprodução: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

O Mikrotrichodactylus faxoni é um pequeno caranguejo dulcícola aquático amazônico, de hábitos noturnos, comum em lagoas e riachos da região amazônica.

Até muito recentemente, estes pequenos caranguejos eram classificados juntamente com os Trichodactylus. Há muito tempo alguns autores defendiam a classificação deste e de outros pequenos Trichodactylus como um grupo taxonômico distinto, baseado em uma série de detalhes anatômicos peculiares, no gênero Mikrotrichodactylus.

           Publicado em 2013 e 2018, a Dra. Edvanda Andrade Souza de Carvalho realizou um interessante trabalho nas suas teses de mestrado e doutorado, realizando análises morfológicas e genéticas (16S e COI) em um grande número de espécimes de Trichodactylus, com alguns resultados bastante interessantes. 146 espécimes foram analisados morfologicamente, e 43 geneticamente. Este trabalho demonstrou a validade dos Mikrotrichodactylus, que formavam um clado bem definido, e com distância significativa dos grandes Trichodactylus.

 

            Etimologia: Mikrotrichodactylus vem do grego mikro (pequeno), thríks (cabelo) e daktulos (dedo); faxoni é uma homenagem ao ornitólogo e carcinologista norte-americano Walter Faxon.

 

 

Origem


           Possui distribuição ampla na região amazônica da América do Sul, sendo encontrado no Brasil (estados do AP e AM, provavelmente no PA), Peru, Colômbia e Equador. Não há outras informações em relação aos habitats ocupados. 

 

Distribuição geográfica de Mikrotrichodactylus faxoni. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e demais referências.






Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e suavemente bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. Dentro da família, os Trichodactylus (e Mikrotrichodactyluspodem ser identificados baseados na forma do abdômen (segmentação de todos os somitos, sem fusão), e a escassez de dentes na margem da carapaça (até 5).

        O Mikrotrichodactylus faxoni pode ser identificado pela borda ântero-lateral lisa da carapaça com dois dentes diminutos, às vezes vestigiais ou totalmente obsoletos, bem espaçados entre si. Lembram bastante o Trichodactylus fluviatilis, mas são menores e com distribuição distinta.



Mikrotrichodactylus faxoni, fotos dorsais e ventrais de exemplares do Equador, com o dimorfismo sexual. Fotos cortesia de Daniel Romero-Alvarez, extraídas de Takeda M, et al. Journal of Teikyo Heisei University, 2014 (7a referência na Bibliografia). 




Parâmetros de Água

 

Há pouquíssimos dados, baseado nos locais de coleta, devem ser melhor adaptados a águas moles e de baixo pH. É uma espécie tropical, vivendo em temperaturas maiores.




Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Os machos também têm maiores dimensões, garras mais desenvolvidas e assimétricas, esta característica parece ser bastante exacerbada nesta espécie.





Mikrotrichodactylus faxoni, exemplar de Leticia, Colômbia. Foto gentilmente cedida por Martha H R de Campos.



Reprodução

Vivem em águas continentais, todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações sobre a reprodução como períodos reprodutivos, número ou aspecto dos ovos. Devem ter cuidado parental, como os demais membros da família, as fêmeas carregando ovos e filhotes após o nascimento.

Como os demais membros desta família, devem ter desenvolvimento pós-embrionário direto, também chamado epimórfico, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos juvenis, já com características semelhantes ao adulto. 



Comportamento

 

Não há informações disponíveis, baseado em espécies próximas, são animais aquáticos, mas com hábitos anfíbios, suportando algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Não há informações também sobre a criação em cativeiro, acredita-se que sejam idealmente mantidos em um aquaterrário.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.




Alimentação

 

Não há informação disponível, provavelmente onívoros como os demais caranguejos deste grupo. 




Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C. 2016. Avaliação dos Caranguejos tricodactilídeos (Decapoda: Trichodactylidae), Cap. 32: p. 420- 440. In: Pinheiro, M.A.A. & Boos, H. (Org.). Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação 2010-2014. Porto Alegre, RS: Sociedade Brasileira de Carcinologia - SBC, 466 p.
  • Rogers DC, Magalhães C, Peralta M, Ribeiro FB, Bond-Buckup G, Price WW, Guerrero-Kommritz J, Mantelatto FL, Bueno A, Camacho AI, González ER, Jara CG, Pedraza M, Pedraza-Lara C, Latorre ER, Santos S. Chapter 23 - Phylum Arthropoda: Crustacea: Malacostraca. In: Thorp and Covich's Freshwater Invertebrates (Fourth Edition), Editors: D. Christopher Rogers, Cristina Damborenea, James Thorp. Academic Press, 2020. p. 809-986.
  • Carvalho EAS. Variabilidade genética e morfológica em populações de Trichodactylus fluviatilis Latreille, 1828 (Brachyura, Trichodactylidae). Dissertação (Mestrado em Ciências, Área de Biologia Comparada), Faculdade de Folosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP. 2013.
  • Carvalho EAS de. Sistemática e revisão taxonômica dos caranguejos de água doce do gênero Trichodactylus Latreille, 1828 (Decapoda: Trichodactylidae) [tese]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto; 2018.
  • Takeda M, Sugiyama H, Calvopiña M, Romero-Alvarez D. (2014) Some freshwater crabs from Ecuador, South America. Journal of Teikyo Heisei University, 25.
  • Takeda M, Sugiyama H, Kumazawa H, Romero-Alvarez D, Calvopina M. Recent collections of freshwater crabs from the Pacific and Amazonian regions of Ecuador, South America. J Teikyo Heisei Univ. 2016; 27: 1–16.
  • Calvopiña M, Romero D, Castañeda B, Hashiguchi Y, Sugiyama H. Current status of Paragonimus and paragonimiasis in Ecuador. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 2014 Nov; 109(7): 849-855.
  • Campos MR. (2005) Freshwater crabs from Colombia. A taxonomic and distributional study. Academia Colombiana de Ciencias Exactas Físicas y Naturales, Bogotá. Col. Jorge Álvarez Lleras No. 24, 363 pp.
  • Campos MR. Crustáceos decápodos de agua dulce de Colombia. 2014. Biblioteca José Jerónimo Triana No. 27. Universidad Nacional de Colombia. Facultad de Ciencias, Instituto de Ciencias Naturales, Bogotá D.C., Colombia. 692 pp.



Somos muito gratos aos biólogos Daniel Romero-Alvarez (Equador, veja seu site  aqui ) e Prof. Martha Helena Rocha de Campos (Colômbia) que nos permitiram a publicação de suas fotos no nosso artigo.

 
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