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"Mikrotrich. ehrhardti"  
Artigo publicado em 11/11/2023, última atualização em 07/12/2023  


Caranguejo de Água Doce – Mikrotrichodactylus ehrhardti


Nome em português: Caranguejo de água doce.
Nome em inglês: -
Nome científicoMikrotrichodactylus ehrhardti  Bott, 1969

Origem: Brasil, amazônico
Tamanho: carapaça com largura de até 1,2 cm
Temperatura: 25-34° C
pH: ácido
Dureza: baixa

Reprodução: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

Mikrotrichodactylus ehrhardti é um pequeno caranguejo dulcícola endêmico brasileiro, de hábitos noturnos, comum na região amazônica.

Até muito recentemente, estes pequenos caranguejos eram classificados juntamente com os Trichodactylus. Há muito tempo alguns autores defendiam a classificação deste e de outros pequenos Trichodactylus como um grupo taxonômico distinto, baseado em uma série de detalhes anatômicos peculiares, no gênero Mikrotrichodactylus.

           Publicado em 2013 e 2018, a Dra. Edvanda Andrade Souza de Carvalho realizou um interessante trabalho nas suas teses de mestrado e doutorado, realizando análises morfológicas e genéticas (16S e COI) em um grande número de espécimes de Trichodactylus, com alguns resultados bastante interessantes. 146 espécimes foram analisados morfologicamente, e 43 geneticamente. Este trabalho demonstrou a validade dos Mikrotrichodactylus, que formavam um clado bem definido, e com distância significativa dos grandes Trichodactylus.

 

            Etimologia: Mikrotrichodactylus vem do grego mikro (pequeno), thríks (cabelo) e daktulos (dedo); ehrhardti é uma homenagem ao taxidermista e colecionador guianense de família alemã Wilhelm Ehrhardt, que coletou o primeiro espécime em 1924.

 

 

Origem


           Esta espécie é encontrada somente no Brasil, na região amazônica, com recordes de ocorrência nos estados do AM, PA e AP. Habitam lagos, rios e igarapés da região, em áreas de matas inundáveis, na vegetação marginal, fendas e buracos de troncos e rochas submersas e emersas, próximo ao nível da água.

 

Distribuição geográfica de Mikrotrichodactylus ehrhardti. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003 e demais referências.






Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e suavemente bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. Dentro da família, os Trichodactylus (e Mikrotrichodactyluspodem ser identificados baseados na forma do abdômen (segmentação de todos os somitos, sem fusão), e a escassez de dentes na margem da carapaça (até 5).

        Foram vistas duas populações de Mikrotrichodactylus ehrhardti  apresentando variações nos dentes da carapaça, exemplares do AM apresentam dois dentes distintos na borda ântero-lateral da carapaça, e um dente diminuto, às vezes vestigial na borda posterolateral. Exemplares do PA apresentam 3-4 dentes distintos na borda ântero-lateral da carapaça, e nenhum dente na borda posterolateral. Fronte com duas pequenas projeções na margem inferior.



Mikrotrichodactylus ehrhardti, close na carapaça de exemplar fotografado em Santarém, PA. Foto gentilmente cedida por Roxanne Lazarus.




Parâmetros de Água

 

Há pouquíssimos dados, baseado nos locais de coleta, devem ser melhor adaptados a águas moles e de baixo pH. É uma espécie tropical, vivendo em temperaturas maiores.




Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Os machos também têm maiores dimensões, garras mais desenvolvidas e assimétricas, esta característica parece ser bastante exacerbada nesta espécie.



Mikrotrichodactylus ehrhardtiexemplar fotografado em Santarém, PA. Foto gentilmente cedida por Roxanne Lazarus.



Reprodução

Vivem em águas continentais, todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações sobre a reprodução como períodos reprodutivos, número ou aspecto dos ovos. Devem ter cuidado parental, como os demais membros da família, as fêmeas carregando ovos e filhotes após o nascimento.

Como os demais membros desta família, devem ter desenvolvimento pós-embrionário direto, também chamado epimórfico, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos juvenis, já com características semelhantes ao adulto. 



Comportamento

 

Não há informações disponíveis, baseado em espécies próximas, são animais aquáticos, mas com hábitos anfíbios, suportando algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Não há informações também sobre a criação em cativeiro, acredita-se que sejam idealmente mantidos em um aquaterrário.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.




Alimentação

 

Não há informação disponível, provavelmente onívoros como os demais caranguejos deste grupo. 




Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C. 2016. Avaliação dos Caranguejos tricodactilídeos (Decapoda: Trichodactylidae), Cap. 32: p. 420- 440. In: Pinheiro, M.A.A. & Boos, H. (Org.). Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação 2010-2014. Porto Alegre, RS: Sociedade Brasileira de Carcinologia - SBC, 466 p.
  • Rogers DC, Magalhães C, Peralta M, Ribeiro FB, Bond-Buckup G, Price WW, Guerrero-Kommritz J, Mantelatto FL, Bueno A, Camacho AI, González ER, Jara CG, Pedraza M, Pedraza-Lara C, Latorre ER, Santos S. Chapter 23 - Phylum Arthropoda: Crustacea: Malacostraca. In: Thorp and Covich's Freshwater Invertebrates (Fourth Edition), Editors: D. Christopher Rogers, Cristina Damborenea, James Thorp. Academic Press, 2020. p. 809-986.
  • Carvalho EAS. Variabilidade genética e morfológica em populações de Trichodactylus fluviatilis Latreille, 1828 (Brachyura, Trichodactylidae). Dissertação (Mestrado em Ciências, Área de Biologia Comparada), Faculdade de Folosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP. 2013.
  • Carvalho EAS de. Sistemática e revisão taxonômica dos caranguejos de água doce do gênero Trichodactylus Latreille, 1828 (Decapoda: Trichodactylidae) [tese]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto; 2018.
  • Vieira IM, Santiago AG. Coleção Carcinológica do IEPA: Checklist dos caranguejos da família Trichodactylidae (Crustáceo, Decapoda) do Estado do Amapá / IEPA Carcinological Collection. In: Coleções Científicas do Amapá: flora e fauna. Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá. org: Patrick de Castro Cantuária, Cecile de Souza Gama; Lúcio Flávio Siqueira Costa Leite, Macapá, 2021. 182 p.: il. vol. 1, 118-132.



Somos muito gratos à bióloga australiana colaboradora do iNaturalist Roxanne Lazarus, pelo uso das suas fotos no nosso artigo. As fotos estão licenciadas sob uma licença Creative Commons.

 
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