INÍCIO ARTIGOS ESPÉCIES GALERIA SOBRE EQUIPE PARCEIROS CONTATO
 
 
    Espécies
 
"Moreirocarcinus laevifrons"  
Artigo publicado em 14/01/2024, última atualização em 10/03/2024  


Nome em português: Caranguejo de água doce.
Nome em inglês: -
Nome científicoMoreirocarcinus laevifrons (Moreira, 1901)

Origem: Noroeste da América do Sul, continental
Tamanho: carapaça com largura de até 3,8 cm
Temperatura: 25-34° C
pHácido

Dureza: mole 
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: agressivo
Dificuldade: fácil

 

 

Apresentação

 

Moreirocarcinus laevifrons é um pequeno caranguejo de água doce da família Trichodactylidae, subfamília Dilocarcininae, encontrada na região amazônica

Etimologia: O nome científico do gênero é uma homenagem ao carcinólogo brasileiro Carlos Moreira, com seu trabalho pioneiro no estudo dos Tricodactilídeos, associado ao sufixo carcinus, que tem sua origem no grego karkinos (caranguejo). E laevifrons tem origem no latim laevis, liso, e frons, fronte, uma alusão ao aspecto liso de sua fronte.

 

Origem

Sua distribuição é na região noroeste da América do Sul, trans-bacia no Escudo das Guianas, ocorrendo na Bacia Amazônica e na do Rio Orinoco. É encontrado na Colômbia, Venezuela e Brasil (AM e RR), provavelmente também no Peru. Algumas fontes mencionam extensão também ao Equador.

Quando Moreira descreveu inicialmente esta espécie (e gênero), ele menciona que os caranguejos vieram de uma remessa do Pernambuco. Levantamentos posteriores não confirmam a presença desta espécie na região, devendo corresponder provavelmente a um erro. 


 

Distribuição geográfica de Moreirocarcinus laevifrons. Imagem original Google Maps; dados de Melo GAS 2003.






Aparência

 

Cefalotórax de altura média, arredondado e convexo. Olhos pequenos, antenas curtas, margem frontal lisa e bilobada. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos, pernas dispostas lateralmente. Possuem coloração avermelhada.

Existem duas famílias de caranguejos de água doce no Brasil: Trichodactylidae e Pseudothelphusidae. Os primeiros podem identificados por dois detalhes: dáctilos com pêlos (ao invés de espinhos, daí seu nome), e segundo maxilópode. 

Dentro da família, existem diversos caranguejos que historicamente eram classificados como Dilocarcinus, e posteriormente separados em outros gêneros, GoyazanaFredilocarcinusMoreirocarcinus Poppiana, baseados principalmente no aspecto do gonópodo. Quase todos são praticamente idênticos numa visão dorsal, indistinguíveis para o leigo (com poucas exceções, como P. dentata). Todos possuem carapaça suborbicular, convexa, com região frontal bilobada e lisa (exceto P. dentata). Margem ântero-lateral com seis a sete dentes agudos, além do dente orbital, com poucas exceções, como Fredilocarcinus apyratii com 6, e M. laevifrons com 6-8. 

Numa visão ventral do abdômen, os Goyazana podem ser separados com facilidade, pela ausência de fusão dos somitos. Os demais têm fusão parcial dos somitos, III-VI. O Dilocarcinus pagei pode ser identificados com relativa facilidade pela presença de uma carena transversal elevada na borda anterior do terceiro segmento abdominal, em ambos sexos. Os demais não possuem esta carena, inclusive D. septemdentatus. Destes, o macho do Fredilocarcinus possui o abdômen triangular largo, com margens convexas, enquanto os demais possuem o abdômen estreito, de margens côncavas. 

Dentro da família, os Moreirocarcinus podem ser identificados baseados na forma do abdômen (fusão dos somitos, III-VI), linha mediana do esterno torácico presente entre os somitos V-VIII, além de detalhes do gonópodo. Em relação às duas espécies de Moreirocarcinus encontrados no Brasil, o M. emarginatus pode ser facilmente diferenciado do M. laevifrons pelo número de dentes na margem da carapaça.




Carapaça de Moreirocarcinus laevifrons, encontrada em Inírida, Guainía, Colômbia. Foto cortesia de David Peden. 




Parâmetros de Água

 

Há pouquíssimos dados, baseado nos locais de coleta, parece se tratar de uma espécie tipicamente encontrada em habitats de águas pretas, com baixíssima dureza e baixo pH. É uma espécie tropical, vivendo em temperaturas maiores.





Moreirocarcinus laevifronsfotografado em Puerto Nariño, Amacayacu, Amazonas, Colômbia. Fotos de Guillerno Coello Arce.






Dimorfismo Sexual

 

Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Os machos também têm maiores dimensões, garras mais desenvolvidas e assimétricas.



Moreirocarcinus laevifronsfotografado em Carauari, AM. Foto de Whaldener Endo.



Reprodução

Vivem em águas continentais, todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações sobre a reprodução como períodos reprodutivos, número ou aspecto dos ovos. Devem ter cuidado parental, como os demais membros da família, as fêmeas carregando ovos e filhotes após o nascimento.

Como os demais membros desta família, devem ter desenvolvimento pós-embrionário direto, também chamado epimórfico, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos juvenis, já com características semelhantes ao adulto. 




Comportamento

 

Não há informações disponíveis, baseado em espécies próximas, são animais aquáticos, mas com hábitos anfíbios, suportando algum tempo fora d´água, principalmente se houver umidade. Não há informações também sobre a criação em cativeiro, acredita-se que sejam idealmente mantidos em um aquaterrário.

Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.




Alimentação

 

Não há informação disponível, provavelmente onívoros como os demais caranguejos deste grupo. 




Bibliografia:

  • Magalhães C. Famílias Pseudothelphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.
  • Magalhães C, Türkay M. Taxonomy of the Neotropical freshwater crab family Trichodactylidae. I. The generic system with description of some new genera (Crustacea: Decapoda: Brachyura). Senckenbergiana Biologica, 75 (1/2): 63–95.
  • Rodríguez G. The Freshwater Crabs of America: Family Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31).
  • Magalhães C. 2016. Avaliação dos Caranguejos tricodactilídeos (Decapoda: Trichodactylidae), Cap. 32: p. 420- 440. In: Pinheiro, M.A.A. & Boos, H. (Org.). Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação 2010-2014. Porto Alegre, RS: Sociedade Brasileira de Carcinologia - SBC, 466 p.
  • Rogers DC, Magalhães C, Peralta M, Ribeiro FB, Bond-Buckup G, Price WW, Guerrero-Kommritz J, Mantelatto FL, Bueno A, Camacho AI, González ER, Jara CG, Pedraza M, Pedraza-Lara C, Latorre ER, Santos S. Chapter 23 - Phylum Arthropoda: Crustacea: Malacostraca. In: Thorp and Covich's Freshwater Invertebrates (Fourth Edition), Editors: D. Christopher Rogers, Cristina Damborenea, James Thorp. Academic Press, 2020. p. 809-986.
  • Cumberlidge, N. 
  • Campos MR. (2005) Freshwater crabs from Colombia. A taxonomic and distributional study. Academia Colombiana de Ciencias Exactas Físicas y Naturales, Bogotá. Col. Jorge Álvarez Lleras No. 24, 363 pp.
  • Campos MR. Crustáceos decápodos de agua dulce de Colombia. 2014. Biblioteca José Jerónimo Triana No. 27. Universidad Nacional de Colombia. Facultad de Ciencias, Instituto de Ciencias Naturales, Bogotá D.C., Colombia. 692 pp.
  • Kemenes A, Forsberg BR, Magalhaes C, dos Anjos H. 2010. Environmental factors influencing the community structure of shrimps and crabs (Crustacea: Decapoda) in headwater streams of the Rio Jau, Central Amazon, Brazil. Pan-American. J. Aquat. Sci. 5:36-46.



Agradecimentos aos colaboradores do iNaturalist Guillermo Coello ArceWhaldener Endo e David Peden pelo uso das suas fotos no nosso artigo.


 As fotografias de Whaldener Endo e David Peden (iNaturalist) estão licenciadas sob uma  Licença Creative Commons 
 
« Voltar  
 

Planeta Invertebrados Brasil - © 2024 Todos os direitos reservados

Desenvolvimento de sites: GV8 SITES & SISTEMAS