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Parastacus pilimanus  
Artigo publicado em 21/01/2013, última edição em 10/05/2023  



Lagostim-de-água-doce – Parastacus pilimanus

 

Nome em português: Lagostim-de-água-doce
Nome em inglês: -
Nome científico: Parastacus pilimanus (von Martens, 1869)

Origem: Brasil (RS), Uruguai e Argentina

Tamanho: até 10 cm
Temperatura: 12-21° C
pH: indiferente

Dureza: indiferente
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico


 

Importante!!

 

            O Parastacus pilimanus não é mencionado nas espécies listadas como em risco na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção publicada em Dezembro de 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), ou na lista de espécies do estado do Rio Grande do Sul, publicado pelo MMA em 2014. A página oficial do IUCN lista esta espécie como "não-ameaçada" (LC). Porém, um consenso de especialistas publicou um artigo avaliando o estado de conservação dos lagostins sul-americanos (Almerão MP, et al. 2014), onde a espécie é mencionada na categoria IUCN "dados deficientes" (DD).

            Desta forma, a rigor, sua coleta e manutenção em cativeiro são legalmente permitidas, mas sugerimos fortemente que não sejam feitas, dada a escassez de informações sobre o real estado de conservação desta espécie.


 

Apresentação

Os Lagostins dulcícolas brasileiros são um grupo bastante peculiar de decápodes, com particularidades que os tornam bastante distintos dos Lagostins mais comumente encontrados como animais de aquário. Existem cerca de uma dúzia de espécies de Lagostins de água doce no Brasil, todos do gênero Parastacus, muitas espécies recentemente descritas (veja a lista completa   aqui ). Embora sejam chamados de “aquáticos”, na realidade são espécies escavadoras, que passam boa parte da sua vida enterrada em tocas construídas em terrenos úmidos e alagados.

Têm uma distribuição bastante restrita no país, sendo encontrados somente nas planícies do extremo sul (estados de RS e SC, bem mais comum no primeiro), habitando preferencialmente áreas pantanosas e margens de pequenos córregos.

Nestas espécies brasileiras, existem dois padrões distintos de comportamento e modo-de-vida: as espécies chamadas de “fossoriais”, que escavam tocas profundas em locais pantanosos, vivendo em bolsões de água com baixa oxigenação no fundo destas tocas; e as espécies que habitam locais marginais de pequenos riachos de fraca correnteza, ocultos em meio aos detritos, raízes da vegetação ciliar, ou escavando tocas mais superficiais.

O Parastacus pilimanus pertence ao primeiro grupo (“fossoriais”), e é a segunda espécie mais freqüentemente encontrada no Brasil.

 

            Etimologia: O nome Parastacus vem do nome de outro gênero de lagostins dulcícolas da Eurásia, Astacus (do grego αστακός, astacós, significa lagosta ou lagostim), com o prefixo grego para (junto com, além de, alterado, contrário). Os Parastacus eram originalmente classificados como Astacus. E pilimanus significa “mãos com pelos”, do latim pili (plural de pilus, cabelo) e manus (mão).

 

Origem

O Parastacus pilimanus é uma espécie encontrada no Brasil (somente no estado do RS), Uruguai e Argentina. No RS, é comum nas bacias da depressão central que formam o Lago e Estuário do Guaíba, mas também ocorre na bacia do Rio Uruguai, especialmente junto a tributárias do Rio Ibicuí.



Distribuição geográfica de Parastacus pilimanus. Imagem original Google Maps; dados de Buckup L. In: Melo GAS. 2003.


Aparência

 

Seu aspecto lembra bastante os demais lagostins límnicos, com o corpo cilíndrico, primeiro par de patas adaptadas na forma de robustas quelas, um abdômen longo e musculoso terminando em urópodos dispostos em um leque caudal. Pernas ambulatórias dispostas lateralmente, além das garras maiores, os dois primeiros pares ambulatórios também possuem pequenas quelas.

Porém, uma análise mais minuciosa mostra algumas adaptações para seus hábitos escavadores, tendo um abdômen relativamente curto, devido à perda da sua importância como estrutura locomotora. Os quelípodos são curtos e globosos, e os dáctilos se movem em um plano vertical, para maior eficácia durante o processo de escavação e transporte de material.

Coloração numa tonalidade marrom, com a porção interna das quelas alaranjada ou avermelhada.

As chaves de identificação mais recentes sugerem excluir inicialmente P. varicosus e P. saffordi das demais, dado que ambas possuem três características peculiares. O P. pilimanus e demais espécies brasileiras possuem estas características: extremidade anterior da carena pós-orbital não terminando em um espinho, aréola não delimitada por carenas, e lobo basal do exopodito dos urópodos sem espinho.

Daí avalia-se a margem posterior do telso, arredondada na presente espécie. Segue-se a análise dos pêlos nos quelípodos, excluindo-se P. pilicarpus que possui tufos de longos pêlos no carpo distal. O passo seguinte é verificar a presença de tufos de longos pêlos nas margens cortantes dos dedos da quela, separando o P. pilimanus e P. laevigatus dos demais.

Estas duas espécies podem ser separadas pela distribuição (RS na primeira e SC na segunda), além da presença de carena pós-orbital proeminente no Parastacus pilimanus

Pode ser confundido com outras espécies brasileiras com pêlos nas mãos, como o P. laevigatus e P. saffordi, mas pode ser distinguido pela presença de pêlos na face externa das quelas (estas outras duas espécies têm pêlos somente na face interna, além de terem uma pilosidade bem menos exuberante), e pela presença de tubérculos na quela. 


 




Parastacus pilimanus, imagens gentilmente cedidas por Marcelo Marchet Dalosto. A primeira imagem do artigo também é deste animal, de sua autoria.


Parâmetros de Água

 

Habitam locais variados, podem ser encontrados tanto em locais pantanosos e relativamente distante de grandes corpos d´água (como o P. defossus) quanto em margens de riachos (como o P. brasiliensis). Desta forma, são mais tolerantes a diferentes parâmetros ambientais. Entretanto, como todos os demais Parastacus, são sensíveis a altas temperaturas, uma causa comum de insucesso na sua manutenção em cativeiro. A temperatura média dos locais de coleta é de cerca de 17º C.

 


Parastacus pilimanus, fotografado em Caçapava do Sul, RS. Imagem gentilmente cedida por Lúcia S. L. Safi.


Dimorfismo Sexual e Reprodução

Todos os Parastacus brasileiros são intersexuados, apresentando orifícios genitais masculinos e femininos no indivíduo adulto, poro genital masculino no coxopodito do pereiópodo 5, e poro feminino no coxopodito do pereiópodo 3. O P. pilimanus mostra um padrão de intersexualidade permanente, ao contrário de alguns outros Parastacus brasileiros, onde há hermafroditismo.

Todos os lagostins têm fertilização externa. Durante a cópula, o macho deposita seu espermatóforo na superfície ventral da fêmea. Quando os oócitos maduros são liberados através dos gonóporos femininos, o espermatóforo se dissolve e os espermatozóides ficam livres. Os oócitos são então fertilizados externamente, e são agrupados em uma massa que é fixada aos pleópodos por uma substância adesiva.

Produzem ovos de grandes dimensões, apresentam desenvolvimento pós-embrionário direto, onde as fases larvais completam-se ainda dentro do ovo. Próximo à eclosão, há mudança na coloração dos ovos, que se tornam alaranjados. Nesta etapa, também é possível observar o embrião quase que totalmente formado no interior do ovo. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto, sem fase larval.

O tempo estimado de incubação dos ovos do P. pilimanus é de 40 a 50 dias. Há cuidado parental, mesmo após o nascimento, os filhotes permanecem fixos aos pleópodos da mãe por cerca de uma ou duas semanas (2 a 3 mudas), até ficarem independentes. Mesmo após este tempo, há dependência parcial dos juvenis, realizam pequenos incursões pelo ambiente, mas voltam rapidamente para junto da mãe ao menor sinal de perigo. Juvenis dos Parastacidae permanecem presos aos pleópodos da fêmea com ganchos presentes no dáctilo dos pereiopodos 4 e 5. Na primeira fase juvenil após o nascimento, um mecanismo auxiliar de fixação é um filamento originário da cutícula embrionária. Na fase de juvenil III, o animal perde os ganchos e se torna independente. São diferentes dos Astacidae e Cambaridae, do Hemisfério Norte, que usam as quelas maiores para a fixação.

Diferente dos Cambarídeos, quando os juvenis se abrigam junto à mãe, eles não o fazem retornando aos seus pleópodes. Também não há mudança postural do abdômen da mãe, para facilitar o retorno dos juvenis, como visto nos Cambaridae. O mais provável é que isto seja uma adaptação aos seus hábitos escavadores, dentro de suas tocas não há a necessidade de uma ação protetora tão exacerbada.






Parastacus pilimanus em seu habitat natural, fotos de Tailise Marques Dias.


Parastacus pilimanus, exemplar fotografado no Uruguai. Foto de Chris Lukhaup.


Comportamento

 

Não é uma espécie francamente fossorial como o P. defossus, mas possui um hábito escavatório bastante exacerbado dentre os Parastacus brasileiros. Constroem tocas complexas em áreas paludosas e alagadas, e eventualmente em barrancos marginais de riachos.

São túneis ramificados, com entre 3 a 7 aberturas na superfície do solo, de 5 a 10 cm de diâmetro, que convergem num túnel principal que desce até atingir o lençol freático, terminando numa galeria central única e de diâmetro maior, chamada de “câmara habitacional”. Nesta galeria é visto um grande bolsão de água, e é onde coexistem indivíduos de diferentes gerações numa mesma habitação. As galerias têm profundidade variável, dependendo da proximidade do corpo d´água permanente e profundidade do lençol, geralmente são rasas (cerca de 30 cm), mas podem atingir dois metros.

A periferia das aberturas é freqüentemente elevada pela construção de torres cônicas ou chaminés argilosas protetoras, que circundam suas aberturas, formadas por um acúmulo de sedimento removido pelo lagostim durante a escavação. Entretanto, estas chaminés parecem ter um papel também funcional, visando impedir o alagamento excessivo das tocas com água das enchentes ou da chuva.

Passam a maior parte da vida abaixo da superfície, nestas galerias subterrâneas, sendo chamados por alguns de cavadores ou escavadores primários. Podem sair à noite para partir em busca de alimento nos ambientes emersos paludosos mais próximos. Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.

Uma informação interessante é sobre a sua agressividade. Ao contrário das espécies de lagostins mais comumente encontradas como animais ornamentais, os Parastacus são espécies pouco agressivas, possivelmente uma adaptação evolutiva para seu modo de vida escavatório, muitas vezes com colônias de vários indivíduos habitando uma mesma toca, em contraste com as demais espécies de “águas abertas”. Isto é particularmente evidente nas espécies mais fossoriais, como o P. pilimanus.

Esta baixa agressividade é observada também entre indivíduos de dimensões/gerações distintas, estudos indicam que o canibalismo é pouco ou inexistente nesta espécie, refletindo seu hábito gregário e de muitos indivíduos de diferentes gerações habitando a mesma toca. Um achado bastante contrastante com os hábitos agressivos e canibais de lagostins de águas abertas.


Um levantamento realizado em 2016 detectou um exemplar selvagem de Parastacus pilimanus coletado em Eldorado do Sul (RS) com o DNA de Aphanomyces astaci detectado por PCR em baixo nível (A2). Trata-se do fungo causador da "Praga do Lagostim", responsável pela dizimação de boa parte da população nativa de lagostins europeus.

 



Curso d´água onde foram localizados tocas de Parastacus pilimanus, imagens gentilmente cedidas por Marcelo Marchet Dalosto.



Alimentação

 

Estes animais são onívoros oportunistas, sendo que a dieta consiste principalmente de detritos de origem vegetal.

 



Parastacus pilimanus, criado em um aquário durante um experimento. Foto gentilmente cedida por Marcelo Marchet Dalosto.



Manutenção em cativeiro

 

Como já mencionado, o Parastacus pilimanus não é uma espécie listada na relação da fauna nativa ameaçada de extinção, nacional ou estadual. Mesmo o website oficial da IUCN lista esta espécie como "LC" (não-ameaçada). Porém, uma avaliação feita por um consenso de especialistas em 2014 considerou a espécie como sendo "DD" (dados deficientes). Desta forma, sugere-se que esta espécie não seja coletada na natureza, ou criada em aquários, ao menos por ora.

 

 

Bibliografia:

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Este artigo só foi possível com a colaboração do zoólogo Dr. Marcelo Marchet Dalosto (Laboratório de Carcinologia, Universidade Federal de Santa Maria, RS), que cedeu fotos da sua pesquisa e forneceu uma inestimável consultoria na elaboração do artigo. Agradecemos também ao Prof. Dr. Sandro Santos (seu orientador) pela apoio, e às biólogas Dra. Tailise Marques Dias e Dra. Lúcia S. L. Safi pelo uso das suas fotos.
 
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