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"Felipponea"  
Artigo publicado em 12/01/2013, última edição em 19/03/2022  


Felipponea

 

            Outro grupo de ampularídeos sul-americanos menos conhecidos é o gênero Felipponea. Possui distribuição bastante restrita, sendo encontrado somente na bacia do rio Uruguai, no Brasil somente nos estados do Sul. Só há três espécies conhecidas, a espécie-tipo F. neritiniformis (Dall, 1919), F. elongata (Dall, 1921), e F. iheringi (Pilsbry, 1933).



Na primeira imagem, Felipponea iheringi, coletado na sua localidade tipo, no Rio Uruguai. Na segunda foto, Felipponea neritiniformis, coletado no Lago Guaíba, Porto Alegre (RS). Ambas fotos de Kenneth Hayes.


            Vivem em águas com fraca correnteza, como pequenos riachos e remansos. Isto se reflete na forma das suas conchas (neritóide, oferecendo baixa resistência ao fluxo), assim como no aspecto espesso e resistente das conchas. Vivem em águas bem oxigenadas, daí a ausência de sifão respiratório. Baseado no local de coleta, a temperatura se situa entre 25º e 28º C; o pH é de 6,9. Têm o hábito de se enterrarem no substrato. Sua dieta é composta essencialmente de vegetais.



Banco de cascalho, sul da Ilha de Santa Luzia, São Borja, RS. (Local-tipo de Felipponea iheringi). Foto de Fábio André Faraco.



Remansos e vegetação (Sarandis), sul da Ilha de Santa Luzia, São Borja, RS (local-tipo de Felipponea iheringi). Foto de Fábio André Faraco.


Felipponea neritiniformis, fotografado em San Martín, Corrientes, Argentina. Fotos cortesia de Enzo Edgardo Ferreyra. A foto que abre o artigo também é do mesmo autor.


            Medem cerca de 3 cm. Possuem concha verde-oliva a amarelo-alaranjado com tênues faixas espirais de cor marrom. Bandas transversais de cor castanho escura, evidentes nas áreas de parada do crescimento. Possuem dimorfismo sexual nas conchas, menores e mais globosas nos machos.

O corpo tem uma coloração geral creme com pigmentos alaranjados, o manto na região da volta do corpo possui manchas e listras longitudinais cinza escuras, e borda pigmentada de cor laranja forte; pé de cor alaranjada com bordas mais escuras. Possui tentáculos cefálicos relativamente curtos se comparado às Pomaceas, e tentáculos labiais longos, ambos de cor castanho escuro.




Concha de
Felipponea neritiniformis, 31 mm, exemplar coletado no Uruguai, próximo à tríplice fronteira com Brasil e Argentina. Fotos de Claude & Amandine Evanno.




Conchas de Felipponea elongata, coletadas no Rio Uruguai, departamento de Paysandú, Uruguai. Concha de uma fêmea na primeira imagem, e dois machos nas demais. Foto de Fábio André Faraco.



Conchas de Felipponea iheringi jovens mostrando a variação de formas e cores encontradas no material-tipo. Foto de Fábio André Faraco.


      

Conchas de Felipponea iheringi mostrando a variação de formas, cores e do umbílico encontradas na população de topotipos. Foto de Fábio André Faraco.



Felipponea iheringi adulta, mantida em aquário, alimentando-se de uma folha de alface. Fotos de Fábio André Faraco.


            Pouco se sabe sobre seus hábitos reprodutivos, existe somente uma única documentação de reprodução em cativeiro. Depositam massas de ovos aquáticos aderidos a estruturas submersas, envoltas em massas gelatinosas, as massas medem cerca de 5 cm, e contém cerca de 100 ovos arredondados de cor vermelho-alaranjado (diâmetro entre 3 e 4 mm). O tempo de eclosão dos ovos é de cerca de 10 dias.



Felipponea iheringi, massa de ovos recente na primeira foto, e com 10 dias de desenvolvimento na segunda. Na última imagem, um filhote com 1 dia de vida. Fotos de Fábio André Faraco.

 



Distribuição geográfica de Felipponea, distribuição conhecida e presumida. Imagem original Google Maps; adaptado de Hayes KA, et al. 2015.



Distribuição: Sul da América do Sul, é encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil (MS, PR, SC e RS).

 






 









Bibliografia adicional:

  • Simone LRL. 2006. Land and Freshwater Molluscs of Brazil. EGB, Fapesp. São Paulo, Brazil. 390 pp.
  • http://www.conchasbrasil.org.br/
  • Hayes K. A., Cowie R. H. & Thiengo S. C. (2009). A global phylogeny of apple snails: Gondwanan origin, generic relationships, and the influence of outgroup choice (Caenogastropoda: Ampullariidae). Biological Journal of the Linnean Society 98(1): 61-76.
  • Hayes KA, Cowie RH, Jørgensen A, Schultheiß R, Albrecht C, Thiengo SC. Molluscan Models in Evolutionary Biology: Apple Snails (Gastropoda: Ampullariidae) as a System for Addressing Fundamental Questions. American Malacological Bulletin 27(1-2):47-58. 2009.
  • Hayes KA, Burks RL, Castro-Vazquez A, Darby PC, Heras H, Martín PR, Qiu JW, Thiengo SC, Vega IA, Wada T, Yusa Y, Burela S, Cadierno MP, Cueto JA, Dellagnola FA, Dreon MS, Frassa MV, Giraud-Billoud M, Godoy MS, Ituarte S, Koch E, Matsukura K, Pasquevich MY, Rodriguez C, Saveanu L, Seuffert ME, Strong EE, Sun J, Tamburi NE, Tiecher MJ, Turner RL, Valentine-Darby PL, Cowie RH. Insights from an Integrated View of the Biology of Apple Snails (Caenogastropoda: Ampullariidae). Malacologia, 2015, 58(1-2): 245-302.



Esta ficha foi adaptada do portal  applesnail.net , possivelmente o melhor banco de dados de Ampulárias que existe na internet. Agradecimentos a Stijn Ghesquiere, responsável pelo portal, por permitir o uso do material e fotos. Agradecemos também ao zoólogo brasileiro Fábio André Faraco, que cedeu seu material deste gênero Ampularídeo para ser usado no Applesnail.net, e permitiu o seu uso também no nosso portal. Agradecemos também o Dr. Kenneth Hayesos malacologistas franceses Claude e Amandine Evanno ( CEA - Malacollection ) e o colaborador do iNaturalist Enzo Edgardo Ferreyra pelo uso do material fotográfico.


As fotografias de Kenneth Hayes estão licenciados sob uma  Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.

 
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