Culex
O Culex (Culex)
quinquefasciatus Say 1823 é um dos mosquitos mais freqüentes em áreas habitadas
pelo homem com saneamento precário. Esta espécie é adaptada ao desenvolvimento
de imaturos em água estagnada com forte carga
orgânica. Possui vários nomes populares, como pernilongo, muriçoca,
carapanã, sovela e zancudo.
Existem diversas outras espécies de Culex no território brasileiro, adultos muito parecidos com o C. quinquefasciatus, de identificação bastante difícil para o não-especialista. O gênero inclui alguns dos mosquitos mais versáteis, como o C. nigripalpus, com capacidade de se reproduzir em virtualmente qualquer ambiente aquático, desde marismas com água salobra, buracos de árvores, água depositada em folhas, recipientes artificiais, e áreas recentemente inundadas.
Doenças humanas: C. quinquefasciatus é o vetor primário e principal da filariose linfática conhecida como elefantíase (filariose bancroftiana) no Brasil. Sua predileção pelo sangue do homem (único hospedeiro da Wuchereria bancrofti) e a sua preferência por sugar durante a noite (período de aumento da microfilaremia periférica) facilitam muito o contato das microfilárias com este culicídeo, tornando-o mais eficaz que os outros mosquitos susceptíveis. Também tem sido incriminado como vetor de arbovírus dentro de vilas rurais e cidades, como o vírus Oropouche, onde atua como vetor secundário. É a única espécie do gênero Culex com importância como vetor de doenças humanas.
Ovos: Geralmente depositam seus ovos em conjuntos, com aspecto de "jangada", que
flutuam na superfície da água.
Sensíveis à dessecação, estes ovos murcham fora
d'água.
Larvas: Têm o
aspecto habitual das larvas da subfamília Culicinae, adquirindo uma posição oblíqua em relação à superfície da água. A
cabeça é maior e mais larga do que outros mosquitos. Possui um sifão longo e
fino (4 ou 5 vezes o valor da largura basal no C. quinquefasciatus).
Adultos: São mosquitos de porte médio, cor de palha (coloração geral marrom escuro ou claro),
sem brilho metálico, tarsos
escuros, sem marcação clara. Suas asas não possuem
manchas.
Habitat: O Culex quinquefasciatus é
considerado cosmopolita, foi originalmente descrito de espécimes de New
Orleans, EUA. Tipicamente urbano e antropofílico, é encontrado em maior
quantidade nos aglomerados humanos, dentro das cidades e vilas rurais.
Seus criadouros preferenciais são os depósitos
artificiais, com água rica em matéria orgânica em
decomposição e detritos, de aspecto sujo e mal cheiroso. Estão sempre próximos
às habitações, pois esse Culex é extremamente beneficiado pelas
alterações antrópicas no ambiente peridomiciliar. Porém, outras espécies são
essencialmente silvestres.
Comportamento: Na fase adulta, as
fêmeas hematófagas têm hábitos noturnos, tendem a frequentar os domicílios nos
quais encontram abrigo e alimentação. Perturbam bastante o sono das pessoas,
principalmente pela sua habitual atividade noturna, mas não costumam ser tão
agressivos como os Aedini. São muito atraídos pela luz artificial.
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Mosquito Culex sp. Foto de Sonia Furtado.
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Ovos, larvas, pupa e fêmea adulta de Culex (Culex) quinquefasciatus, ovos coletados em um pequeno córrego na Praça da Nascente, São Paulo, SP, larvas em uma poça d´água em depressão rochosa no litoral de Ilhabela, SP (em água salobra). Os adultos se desenvolveram destas larvas. Fotos de Walther Ishikawa.
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Ovos, larvas e pupas de Culex (Culex) bidens, coletados em Vinhedo, SP. A última imagem mostra as pupas em dois estágios, note a tromba fina e longa. Fotos de Walther Ishikawa.
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Culex sp., pelo menos duas espécies, fotografadas em Marília, SP. Note a diferença, por exemplo, nos sifões. Foto de Walther Ishikawa.
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Culex (Culex) do complexo coronator, (coronator ou usquatus), grupo de espécies com sifão bastante longo. Algumas imagens mostram a coroa subapical de espinhos no sifão, característico deste complexo. Fotografados em Itatiba, SP. Fotos de Walther Ishikawa.
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Balsa de ovos de Culex sp., coletada em Vinhedo, SP. Fotos de Walther Ishikawa.
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Larva de Culex (Culex) cf. nigripalpus, esta espécie tem o 4o segmento abdominal claro, especialmente nas primeiras fases de larva. Fotos de Walther Ishikawa.
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Culex (Culex) cf. acharistus, larvas coletadas em uma poça d´água no solo, em um parque abandonado em Ubatuba, SP. Na última foto, um casal de adultos, metamorfoseados a partir destas pupas. Fotos de Walther Ishikawa.
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Culex (Culex) cf. chidestri,
coletadas em uma poça d´água em depressão rochosa, no Parque Cantareira, Núcleo Engordador, São Paulo, SP. Fotos de Walther Ishikawa.
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Culex (Carrolia) sp.,
fotografado em Belém, PA. Este subgênero é o único Culex com brilhos metálicos. Foto cortesia de César Favacho.
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