Pupa de Corydalus sp. encontrada em Pinhão, PR. Foto de Adriano Silvério.
As
larvas são vorazes predadores, se alimentam de insetos aquáticos e outros
invertebrados, e eventualmente de alevinos e peixes pequenos. Possuem fortes
mandíbulas, sua mordida é bastante dolorosa, podendo causar ferimentos
cortantes em seres humanos. Possui uma das maiores taxas de crescimento dentre
insetos, com aumento na sua biomassa em mais de 1000 vezes da primeira à última
forma larvar. Isto se deve à sua capacidade de manter um metabolismo constante
mesmo com variações na temperatura ambiental, comparável a animais homeotermos,
fato extremamente incomum em um inseto.
Casal de Coridalídeos adultos, Corydalus diasi, fotografados em Goianá, MG. Na primeira foto, é bem visível o dimorfismo sexual destes insetos, o macho com as mandíbulas desproporcionalmente grandes. Fotos cortesia de Bruno Corrêa Barbosa.
É
predado por peixes maiores, por este motivo é bastante conhecido por
pescadores, usados como isca. Nos Estados Unidos, crianças coletam estas larvas
como um teste de coragem: introduzindo suas mãos no meio do lodo no fundo do
rio, esperando estes animais morder seus dedos, para daí capturá-los. No México e em alguns países da América do Sul as larvas são consumidas como iguarias, e em alguns locais da Ásia são usadas em medicina tradicional.
Corydalus - espécies brasileiras:
Segue descrição das espécies brasileiras conhecidas de megalópteros Corydalus. A sequência seguinte pode ser usada como uma chave de identificação informal, checando características e distribuição de cada espécie, e seguindo para a espécie seguinte. Novamente reforçamos as limitações desta abordagem, chaves acadêmicas se baseiam bastante em estruturas genitais masculinas, que não serão mencionadas aqui.
Corydalus amazonas - Espécie pouco registrada, até agora só foram encontradas fêmeas. Ocorre no Brasil (AM, RO) e Peru. Identificação fácil, única espécie com cabeça robusta e convexa, não-achatada, com cristas esclerotizadas e escuras dorsolaterais. Cores das antenas e pernas também são bem características.
Corydalus amazonas, fotografado em Alta Floresta, MT. Foto cortesia de Sidnei Dantas.
Corydalus arpi e C. ignotus - Espécies irmãs amazônicas, ambas não mostram dimorfismo sexual nas mandíbulas. C. arpi ocorre no Brasil (AM) e Venezuela, C. ignotus no Brasil (AM, RR) e Guiana Francesa. Asas com regiões costais largas, as veias costais cruzadas amarelas formam uma mancha clara proximal ao estigma, dando um aspecto de "duplo estigma". Antenas curtas, com três cores. As duas espécies são bem parecidas, podem ser diferenciadas pelo espinho pós-orbital (proeminente em C. arpi) e detalhes da venação alar (como as veias Cu1 com 5-6 ramos em C. arpi e 4 ramos em C. ignotus).
Fêmea de Corydalus ignotus, fotografado em D6 Route de Kaw, Roura, Guiana Francesa. Esta espécie é encontrada também no norte do Brasil, e também não exibe dimorfismo sexual na mandíbula. Foto cortesia de Bernard Dupont.
Corydalus arpi, fotografado em Balbina, Presidente Figueiredo, AM. Foto cortesia de Rodrigo Frazão Alves.
Corydalus cephalotes e C. hecate - Espécies irmãs, ambas não mostram dimorfismo sexual nas mandíbulas (bem discreto em cephalotes). C. cephalotes ocorre no Brasil (MT, RJ), Colômbia e Venezuela, C. hecate no Brasil (DF, MG, ES, SP), Venezuela e Peru. Cabeça e corpo escuros, geralmente asas escuras com manchas claras. Antenas curtas, mais claras e com a ponta escura. A forma mais fácil de distinção entre as duas é pela venação alar, M1+2 com três ramos na primeira, e quatro na segunda.
Corydalus hecate, fotografado em Pindamonhangaba, SP, foto cortesia de Caroline Camargo. Esta espécie não exibe o dimorfismo sexual comum no gênero.
Corydalus hecate macho, fotografado no Sítio Terra dos Pássaros, em Ravena, Sabará, MG, foto cortesia de Ricardo Martins. A genitália masculina na extremidade do abdômen é visível nesta foto.
Macho de Corydalus cephalotes, fotografado em Petrópolis, RJ, foto cortesia de Maurício Gomes. Esta espécie é irmã da acima, e o dimorfismo sexual é mínimo.
Corydalus primitivus - Espécie tipicamente andina, comum no norte da Argentina e Bolívia. Questionável presença no Brasil, algumas fontes mencionam a presença aqui (MT, MG), além de Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina. Pigmentação das asas típica com manchas brancas margeadas por anéis pretos (nem sempre presente). Mandíbulas dos machos não tão longos como outras espécies. Antenas escuras, finas e longas. Pode ser diferenciado das espécies parecidas pela venação alar, Cu1 com 4-5 ramos (C. australis e C. diasi com 5-7 ramos).
Macho de Corydalus primitivus, fotografado em San Salvador de Jujuy, Jujuy, Argentina. Foto de Jorge Fusaro.
Corydalus tridentatus - Endêmica brasileira, encontrada no ES, PR, RS. Corpo e asas escuras, estas com manchas brancas e negras nítidas e proeminentes. Antenas bastante grossas, é a única espécie não-amazônica com este aspecto. Antenas extremamente longas, a mais longa dentre as espécies brasileiras.
Machos de Corydalus tridentatus, fotografados em Itapeva, SP (foto cortesia de Kevin Ferraz), e em Painel, SC (foto cortesia de Eliane Dokonal). Note a antena grossa e excepcionalmente longa, típico desta espécie.
Corydalus armatus e C. peruvianus - Espécies irmãs com ampla distribuição, C. armatus ocorre na Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Argentina. Algumas fontes mencionam a presença no Brasil, sem especificação dos Estados. C. peruvianus foi recentemente reportada no Brasil (RO), ocorre também desde o México, América Central, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia e Argentina. Antenas dos machos bastante grossas, primeiros segmentos mais curtos do que largos. Possuem tíbia 1/4 basal escura, contrastando com porção apical. Machos das duas espécies podem ser diferenciadas pela cor das antenas, marrons uniformes no C. armatus, e amarelados claros, escurecendo gradativamente nos segmentos apicais no C. peruvianus. Fêmeas são praticamente indistinguíveis.
Macho de Corydalus armatus, fotografado em Nocaima, Cundinamarca, Colômbia. Note as tíbias. Foto cortesia de Oscar Enciso.
Macho de Corydalus peruvianus, fotografada na província de Alajuela, Costa Rica. Espécie com ampla distribuição, recentemente reportada também no Brasil. Foto cortesia de Cole Gaerber.
Corydalus flavicornis - Espécie amazônica, é encontrada desde a América Central, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e no Brasil (AM, RR). Coloração global amarelada, daí seu nome. Antena do macho longa e bastante grossa, de cor amarela e extremidade mais escura. Fêmeas lembram C. affinis, mas a pigmentação das pernas é distinta, com tíbias proximais escuras.
Casal de Corydalus flavicornis, fotografado em Olanchito, Yoro, Honduras. Note o exacerbado dimorfismo sexual, nas mandíbulas e antenas. Esta espécie também é encontrada no Brasil. Foto cortesia de Donald Pendleton.
Corydalus batesii, C. neblinensis e C. contrerasi - Espécies irmãs amazônicas, C. batesii é comum, ocorre no Brasil (AM, PA, TO, RO, AP), Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Equador, Peru e Bolívia, enquanto C. neblinensis é mais restrita aos altiplanos da região dos tepuis, com questionável presença no Brasil (AM, PA, RR), além de Venezuela, Guiana e Guiana Francesa. C. contrerasi ainda não foi formalmente descrita, foi encontrada recentemente em RR, provavelmente pertence ao mesmo grupo destas duas outras espécies. Antenas dos machos grossas e longas. Antenas amarelo claro, com últimos segmentos abruptamente enegrecidos nos dois sexos. Fêmures e tíbias basais de cor marrom escura, tíbia apical e tarsos amarelo pálido. C. batesii é de identificação simples pela coloração bem típica, cabeça e corpo bem escuros. Asas escuras, com marcações negras bem demarcadas. C. neblinensis possui asas translúcidas com poucas marcações.
Casal de Corydalus batesii. Fêmea na primeira foto, fotografado na Serra do Tepequem, em Amajari, RR, com padrão atípico de coloração (foto cortesia de Karla Pereira). Macho na segunda foto, fotografado no Sítio Agroecológico Tolú, em Igarapé Açu, PA (foto cortesia de Luciana Araújo Lisboa de Athayde).
Fêmea de Corydalus batesii, fotografada em Curionópolis, PA. Foto cortesia de Joymax Nascimento.
Corydalus nubilus - Espécie com ampla distribuição amazônica, é encontrada no Brasil (AM, PA, RO, RR, TO, AC, MT), Guiana, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia e Peru. Das espécies seguintes, é a única com antena do macho curta e fina. Cabeça e corpo de cor marrom clara, com faixas laterais negras. Mandíbulas do macho de dimensões variáveis.
Fêmea de Corydalus nubilus, fotografada em São Gabriel da Cachoeira, AM. Foto cortesia de Juliana Lins.
Fêmea de Corydalus nubilus, fotografada em Régina, Cayenne, Guina Francesa. Foto cortesia de Antoine Guiguet.
Corydalus affinis - Espécie brasileira com distribuição mais ampla (AM, PA, AC, RR, AP, RO, TO, BA, MT, ES, SP, SC, RS), encontrada também na Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Argentina, Bolívia e Paraguai. Das três espécies remanescentes, é a única com cabeça marrom clara, com marcações laterais marrom escuras. Pernas também de cor clara, bastante útil na identificação. Mandíbulas do macho de dimensão variável, podendo ser longas. Mandíbula da fêmea com os três dentes subapicais equidistantes. Antenas finas, delgadas e escuras em ambos sexos, mais longa no macho.
Corydalus affinis, fotografado em Pacaraima, RR. Imagem cortesia de Whaldener Endo.
Corydalus diasi - Outra espécie com distribuição ampla (TO, CE, BA, GO, MG, SP, RS), encontrada também na Argentina e Paraguai. Não ocorre na região amazônica. Pernas escuras, com terço basal da tíbia mais escuro, muitas vezes seguido por um fino anel claro. Cabeça geralmente escura. Mandíbulas dos machos grandes, escuras e com dentição reduzida. Antenas um pouco espessas, longas, escuras. Mandíbulas das fêmeas com face basal do dente pré-apical basal côncava.
Corydalus australis - Embora seja afastado filogeneticamente, esta espécie é muito parecida com C. diasi, distinção bastante difícil nos machos sem a análise dos genitais. Distribuição mais restrita (MG, SC, RS), encontrada também na Argentina e Uruguai. Também não ocorre na região amazônica. Nas fêmeas, há diferenças nas mandíbulas, com dente pré-apical basal maior e mais separado do segundo, em ângulo oblíquo com o eixo da mandíbula, e sua face basal apresenta convexidade. O clípeo possui três projeções maiores do que a espécie anterior. Suas pernas têm os tarsos de cor semelhante (os três últimos segmentos são escuros no C. diasi).
Macho de Corydalus diasi, fotografado em Cabixi, RO. Foto cortesia de Edson Ricardo Barreiro da Silva.
Fêmea de Corydalus australis, fotografado na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis, SC. Foto cortesia de Germano Woehl Jr. (Instituto Rã-Bugio para Conservação da Biodiversidade).
Casal de Coridalídeos adultos, Corydalus australis, fotografados em Urubuci, SC. Fotos cortesia de Matheus Mainardi.
Comparação das mandíbulas de fêmeas de Corydalus australis e Corydalus diasi, fotos cortesia de Ryan St. Laurent e Livya Junqueira.
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