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Outros Insetos Aquáticos  
Artigo publicado em 10/12/2012, última edição em 24/02/2024  


Outros Insetos Aquáticos


            Como vocês podem ver pelo restante da galeria, existe uma grande diversidade de insetos essencialmente terrestres, que possuem indivíduos que se especializaram em um modo de vida aquático. As principais já foram abordadas em outros artigos, como os Besouros, Hemípteros e Mosquitos. Este artigo abordará os demais grupos menos conhecidos.

A cada ano que se passa, são descobertas novas espécies inusitadas com hábitos anfíbios ou aquáticos, esta lista tende a crescer cada vez mais. Possivelmente este artigo precisará ser revisto periodicamente.



Baratas semi-aquáticas

 

            Existem cerca de 4000 espécies de Baratas (insetos da ordem Blattodea) no mundo, 644 espécies registradas no Brasil. Somente 25 a 30 são sinantrópicas (adaptadas ao ambiente urbano). Apenas 0,1% do total de espécies, isto é, 4 espécies, têm caráter de pestes, vetores mecânicos de patógenos. Todo o restante são inocentes membros da fauna do planeta, a maioria com modos de vida limpos, não-agressivos, muitos são até populares com animais de estimação.

            Todos sabem como as Baratas são insetos extremamente versáteis. Presentes no nosso planeta por pelo menos 250 milhões de anos, desde antes dos Dinossauros, não é nenhuma surpresa que algumas espécies destes insetos rastejantes tenham se adaptado a ambientes semi-aquáticos. Algumas poucas se especializaram em viverem em ambientes alagados, geralmente habitats marginais de corpos d'água, ou Fitotelmata (pequenos reservatórios de água em plantas, como bromélias).

            A maioria destas baratas é anfíbia, semi-aquática, vivem na superfície da água ou em substratos sólidos adjacentes, mas submergem para procurar alimentos ou fugir de predadores. Algumas espécies têm hábitos semi-aquáticos somente na fase de ninfa. Duas espécies brasileiras comuns são a Poeciloderrhis verticalis e Poeciloderrhis cribrosa. A primeira vive em bolsões de água de grandes bromélias, e a segunda em margens de riachos e lagos, comuns nos bosques úmidos do Rio de Janeiro.

Ao contrário de Besouros e outros insetos aquáticos, o aspecto externo destas Baratas é semelhante às espécies terrestres, mas estes animais possuem adaptações anatômicas mais sutis para submersão. Semelhante a besouros aquáticos, usa a extremidade do abdômen como “snorkel”, ou levam consigo uma bolha de ar junto aos pelos hidrofóbicos abdominais como reservatório de oxigênio. Outras possuem uma anatomia espiracular que armazena uma menor quantidade interna de ar, visando facilitar a submersão.

Algumas ninfas fazem um verdadeiro malabarismo para submergirem, viram de barriga para cima, agarram uma bolha de ar com as antenas e pernas dianteiras, retornam a posição dorsal e alojam esta bolha sobre o tórax, para então mergulharem. Suportam até 3 minutos de submersão, e há registros no Brasil de ninfas nadando contra a correnteza em riachos.




Adulto e ninfa semi-aquática de Poeciloderrhis sp., fotografado em Paranapiacaba, SP. Fotos cortesia Victor Ghirotto.

 


Ninfa semi-aquática de Barata, fotografado na Costa Rica. Foto cortesia Justin Montemarano.




Ninfa de Barata, surgiu em um aquário. Fotos de Vinícius Ladeira.



Ninfa semi-aquática de Barata, fotografado na Costa Rica. Foto cortesia Matt Kaplinsky.



Barata semi-aquática fotografada no Equador. Foto gentilmente cedida por Arthur Anker.






Cigarrinhas semi-aquáticas


Dentre os insetos da ordem Hemiptera, quase a totalidade dos representantes aquáticos pertencem à subordem Heteroptera (percevejos). A subordem Homoptera (cigarras e cigarrinhas) praticamente não tem insetos verdadeiramente aquáticos, os únicos representantes conhecidos são algumas ninfas de Cigarrinhas da Costa Rica vivendo em reservatórios de água de flores de Heliconia, por exemplo, Mahanarva insignita e M. costaricensis. Vivem submersos, respirando ar através de um prolongamento na região abdominal. Há espécies brasileiras associadas a bromélias, do gênero Cavichiana, mas não são anfíbias.

Alguns autores incluem neste grupo os Homópteros que vivem associados a plantas aquáticas, como os do gênero Megamelus, cinco espécies ocorrem no Brasil. Algumas são usadas como agentes de controle biológico de plantas aquáticas invasoras, como o Aguapé.

Não há outros Homópteros semi-aquáticos conhecidos no Brasil. Porém, temos algumas observações bastante curiosas de insetos encontrados em fitotelmata no Sul do país, e cigarrinhas com um interessante comportamento de estridulação na superfície d´água, documentados abaixo:




Ninfas de Cigarrinha-das-pastagens Mahanarva sp., fotografados em um fitotelma em Esmeralda, RS. Fotos e vídeos cortesia de Edson Fabro Gasperin.


Cigarrinhas semi-aquáticas Megamelus sp., fotografados em uma lagoa de Sousas, Campinas, SP. Fotos de Walther Ishikawa.



Cigarrinha encontrada estridulando com o abdômen em contato com a superfície d´água (sem som audível), talvez uma forma de comunicação. Filmada em Santo Aleixo, Magé, RJ. Vídeos cortesia de Edvandro de Abreu Ribeiro.


Diminuta ninfa de Psyllidae (Hemiptera, Homoptera), nadando na superfície da água na represa de Vinhedo, SP. Foto de Walther Ishikawa.




Tesourinhas ripárias


Os insetos da ordem Dermaptera são conhecidos no Brasil como TesourinhasLacrainhasBicha-cadelaRapelho e  Bicho-da-lenha, e em inglês como Earwig (do inglês antigo ēare, "orelha", e wicga, "inseto"), devido a uma crença de que estes insetos entram no ouvido das pessoas para pôr seus ovos e se alimentar do cérebro da vítima. Há também a crença popular de que estes insetos sejam peçonhentos, pela postura lembrar um pouco escorpiões.

São insetos hemimetábolos e terrestres, com corpo alongado e achatado, possuindo uma garra (cerco) no final do abdômen em forma de pinça, que pode ter grandes dimensões, especialmente em machos. São utilizadas na predação, defesa, limpeza do corpo, corte e na acomodação física de outras estruturas (dobrar asas posteriores sob as anteriores). 

Lembram um pouco besouros Staphylinidae, que também possuem asas anteriores curtas e coriáceas, e as posteriores membranosas dobradas sobre estas. Apesar de possuírem asas, poucas espécies voam eficazmente e, dentre essas, algumas somente quando o indivíduo é jovem. Algumas poucas espécies possuem glândulas abdominais que liberam secreções com odor desagradável quando perturbados, servindo como uma forma de defesa. Algumas espécies podem esguichar esse líquido numa distância de 75-100 mm.

 

Cerca de 1800 espécies, são encontrados em todas as regiões do mundo, exceto as polares, com predominância nos locais mais quentes. A maioria possui hábitos noturnos, são detritívoros, mas alguns se alimentam de vegetação viva ou são predadores, inclusive canibais. Existem até espécies comensais ou ectoparasitas de mamíferos. Mostra complexo comportamento de cuidado maternal, as fêmeas constroem câmaras subterrâneas onde depositam seus ovos, limpando-os e defendendo-os, e fornecendo alimento para as ninfas jovens.

 

Embora não existam espécies verdadeiramente aquáticas ou semi-aquáticas, algumas espécies de tesourinhas são mais comumente encontradas em ambientes marginais de rios e lagos, ou mesmo em litorais marinhos. No Brasil, dois gêneros se destacam, Labidura e Anisolabis.

Os Labidura são Tesourinhas grandes, podendo atingir 30 mm, de coloração amarelada. Duas espécies ocorrem no Brasil, L. riparia é uma espécie introduzida, com distribuição natural na Rússia, EUA, Bahamas, Espanha e Índia; L. xanthopus é neotropical, embora alguns autores discutam a validade da espécie. A maior espécie conhecida de Tesourinha pertence a este gênero, L. herculeana da Ilha Santa Helena (80 mm), provavelmente extinta. Mostram um evidente dimorfismo sexual, com os cercos dos machos muito grandes e robustos, usadas para combates entre machos. Habitam margens de represas e lagos, e são muito comuns também no supra-litoral em praias de areia, onde os adultos escavam túneis ou se escondem embaixo de acúmulos de detrito. Carnívoros, forrageiam durante a noite no médio e supra-litoral, procurando artrópodes dos quais se alimentam.





Tesourinha Labidura cf. riparia, fotografado em Parnamirim, RN. Foto de Francisco V. Souza.





Ninfa da tesourinha Labidura xanthopus, fotografada na praia em Bertioga, SP. Foto de Lucas Rubio.





Ninfa da tesourinha Labidura riparia, fotografada na Praia da Riviera, em Bertioga, SP. Uma toca sob folhas na última foto. Fotos de Walther Ishikawa.



Anisolabis maritima é uma espécie cosmopolita tropical e subtropical (possivelmente asiática e exótica) tipicamente encontrada em supra-litorais marinhos, principalmente rochosos. Também mede até 35 mm, de cor marrom escuro enegrecido e pernas amareladas. Diferente da maioria das outras Tesourinhas, exibe completa ausência de asas. Como os Labidura, mostram exacerbado dimorfismo sexual, com cercos robustos e assimétricos nos machos, podendo causar até dolorosos acidentes em seres humanos. Escondem-se durante o dia em fendas rochosas litorâneas, ou embaixo de detritos, como algas, e saem à noite para caçar insetos e pequenos crustáceos encontrados na praia. Podem ter comportamento canibal.




Casal da tesourinha Anisolabis maritima, fêmea acima e macho abaixo, fotografados na praia de Hammonasset, Connecticut, EUA. Note o evidente dimorfismo sexual nos cercos. Fotos de Tom Murray.



 

 

Neurópteros Espongícolas

 

Alguns insetos aquáticos mantêm associações com Esponjas de Água Doce, são conhecidas três ordens: Neuroptera, Trichoptera e Diptera. Alguns Quironomídeos associados a esponjas podem ser vistas neste  artigo .





Larva de Sisyra nikkoana, espécie japonesa, fotos de Yuta Nakase. A segunda imagem em close mostra as peças bucais.



 

Neuroptera é uma ordem de pequenos insetos mais conhecida por seus representantes com estratégias caçadoras elaboradas, como as Formigas-Leão, construtoras de armadilhas em formato de funil no solo para capturar formigas. É composta por 17 famílias, duas (Sisyridae e Nevrorthidae) têm larvas com hábitos aquáticos. Nevrorthidae tem distribuição mais restrita, sendo encontrada no Mediterrâneo, Japão, Taiwan e Austrália. Uma terceira família (Osmylidae, 13 espécies sul-americanas) também tem larvas aquáticas ou semi-aquáticas, por exemplo, vivendo em musgos marginais e caçando larvas de insetos dentro da água, mas muito pouco se conhece sobre sua biologia.

 

A família Sisyridae contém seis gêneros, dois deles com espécies descritas no Brasil: Climacia (restrito às regiões Neártica e Neotropical) e Sisyra (distribuição mundial). Suas larvas são dependentes de esponjas de água doce, fato no qual resulta seu nome popular em inglês “spongilla flies”.








Larva de Sisyridae encontrada no interior da esponja de água doce Radiospongilla inesi, fotografado no Ribeirão dos Mottas, Guaratinguetá, SP. Fotos de Cláudia Regina da Silva Leite.


 

O acasalamento ocorre ao entardecer, ovos agrupados são depositados recobertos por uma fina camada de seda, sobre a vegetação marginal, a eclosão se dá após uma a duas semanas. As larvas, ao nascerem, buscam ambientes aquáticos, muitas vezes com saltos sucessivos até encontrarem água, e daí procuram esponjas (ou mais raramente briozoários) onde irão se desenvolver. Ao final, o inseto deixa o ambiente aquático e procura um local para empupar, geralmente sobre a vegetação, troncos ou rochas junto às margens. Tecem um casulo de seda composto por duas camadas, e externa com trama mais aberta, em algumas espécies com arquiteturas bastante elaboradas, similar a uma rede de pesca. Demoram até 8 dias para se desenvolverem, e o adulto emerge do casulo. Os insetos adultos se alimentam de néctar, pólen, algas, afídeos e ácaros.

 




Casulo de Sisyridae (provável Climacia) encontrado próximo ao Rio Shenandoah, em West Virginia, EUA. Fotos de Cheryl Jennings.



Casulo de Sisyridae construído parcialmente sobre uma exúvia de Odonata, fotografado na Amazônia. As setas indicam as duas camadas de seda do casulo. Foto de Neusa Hamada (INPA), extraída de Hamada N, et al. 2014.

 


As larvas medem cerca de 4 mm, tem corpo mole e fusiforme. Coloração variável, a depender da sua dieta, do branco, verde a marrom. Possuem estruturais bucais longas e flexíveis, em forma de estilete, mantidas juntas na forma de um tubo, adaptadas para sugar os fluídos das esponjas. Antenas filiformes, três pares de pernas bem desenvolvidas mas delgadas, com uma única garra; tórax e abdômen possuem tubérculos dorsais com inúmeras cerdas. O último segmento abdominal é alongado, e abriga o espinerete por onde é expelida a seda para confecção do casulo. Brânquias abdominais segmentadas e ventrais nos últimos estágios larvais.

 

Os adultos lembram pequenos tricópteros, medindo 6~8 mm, com grandes olhos, antenas longas e filiformes, asas ovais apresentando numerosas veias, pousando com as asas fechadas paralelas ao seu corpo, em formato de tenda.


Sisyra terminalis, fotografado na Bélgica por Gilles San Martin.


 

Bibliografia:

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Agradecimentos ao colega aquarista Vinícius Ladeira, aos amigos Victor Ghirotto, Edson Fabro Gasperin, Edvandro de Abreu RibeiroMatt Kaplinsky (EUA), Randolph J. H. Cheng (Taiwan/Canadá), Shirley Sekarajasingham (EUA), Tom Murray (EUA, veja sua página PBase  aqui ), Gilles San Martin (Bélgica), à fotógrafa Cheryl Jennings (EUA, veja seu blog  aqui ) Francisco V. Souza ( Fauna e Flora do RN pela cessão das fotos e vídeos para o artigo. Agradecemos também aos colegas zoólogos Arthur Anker (Universidade Federal do Ceará, Fortaleza), Lucas RubioYuta Nakase (Japão) Justin Montemarano (EUA) pela permissão de usar seu material fotográfico, e a Solimary García-Hernández pela consultoria de informações sobre os LabiduraAgradecimentos especiais também à Dra. Neusa Hamada (INPA) e à bióloga Cláudia Regina da Silva Leite pela permissão do uso das fotos, e valiosas informações.


 As fotografias de Walther Ishikawa estão licenciadas sob uma  Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.
 
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