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Outros Mosquitos - parte3  
Artigo publicado em 13/11/2012, última edição em 18/05/2023  




Para voltar à segunda parte do artigo sobre Nematocera, clique  aqui .



Típulas (famílias Tipulidae e Limoniidae)

            Esse grupo engloba grandes mosquitos não-hematófagos, que alcançam até 8,0 cm de envergadura de asas na forma adulta, à
s vezes são chamadas em português de "Mosquitão". Lembram mosquitos gigantes, com pernas longas, finas e quebradiças (realizam autotomia), daí seu nome em inglês, “Crane Fly” ("Crane" é o Grou, a ave de pernas longas e finas, semelhante a uma Garça. Frequentemente é traduzido errado para o português como "Mosca-guindaste"). Embora inofensivos, frequentemente são mortos, confundidos com mosquitos hematófagos. As larvas também podem ser grandes, chegando a 5,0 cm. 

Em termos de número de espécies conhecidas (acima de 15.270), Tipulidae sensu lato (Tipuloidea) é aparentemente o maior grupo dentre os Dípteros, com mais de 500 gêneros. Há alguma controvérsia em relação à sua classificação, atualmente a maioria dos autores os consideram um grande grupo monofilético contendo as famílias Cylindrotomidae, Pediciidae, Limoniidae e Tipulidae sensu stricto (somente as duas últimas com representantes no Brasil). Também a sua filogenia é controversa, tradicionalmente são considerados uma das linhagens mais antigas e primitivas dentre os Nematocera, porém alguns autores sugerem exatamente o oposto, que sejam uma linhagem avançada, próxima dos Brachycera. 

            Larvas alongadas semelhantes a vermes. Rastejam no substrato com movimentos semelhantes a lagartas. Possuem um par de espiráculos escuros na extremidade da cauda, usadas para respiração. Esta região pode ser margeada por estruturas flácidas semelhantes a tentáculos, com pêlos, fato que ajuda na sua identificação. Cabeça pequena, arredondada e retrátil nos primeiros segmentos torácicos.

        Ovos são depositados na água pelos adultos voadores, geralmente com um tempo de desenvolvimento de 6~14 dias até a eclosão. Há quatro estágios de larva, com tempo de desenvolvimento bastante variável. A pupação geralmente se dá fora d'água, em solo úmido, com duração de 5~12 dias. Adultos se alimentam de néctar, e têm vida curta, de 4 a 5 dias. A maioria das larvas obtêm oxigênio do ar, através dos seus espiráculos posteriores, raras possuem respiração cutânea. Como curiosidade, existe uma espécie no Alasca que se reproduz uma vez a cada cinco anos, devido ao clima frio.



Tipulidae: No Brasil são descritas 160 espécies em nove gêneros. A distinção das duas famílias não é muito fácil, adultos Tipulidae costumam ser maiores, e pousarem com as asas abertas, perpendiculares ao eixo do corpo. Possuem o rostro bem desenvolvido, geralmente com uma projeção anterior (nasus). Há diferenças também na venação alar e segmentação das antenas. Suas larvas ocupam variados ambientes, desde raras espécies estritamente aquáticas, em fitotelmata, mais comumente completamente terrestres, como em material vegetal em decomposição, madeira, ou solo úmido próximo a riachos. Existem até espécies adaptadas a climas áridos. As espécies aquáticas se alimentam de folhas caídas, e são encontradas em variados habitats, desde córregos oxigenados com corenteza, fitotelmata, até lagos temporários. Há também espécies minadoras de plantas, algumas sendo pestes agrícolas. Larvas podem ter a cutícula bastante espessa e resistente, especialmente as espécies terrestres e anfíbias, por este motivo são chamadas de "Leatherjackets" em inglês.










Grande larva de Tipula sp. (Tipulidae) encontrada minando um tronco submerso na Serra do Japi, Jundiaí, SP. Fotos de Walther Ishikawa.




Larvas não-aquáticas de Tipula (Eumicrotipulasp. encontradas em solo seco, em Bolaxa, Rio Grande, RS. O inseto adulto é da mesma espécie. Fotos cortesia de Vinicius S. Domingues.



Uma pupa de Tipulidae filmado em Florianópolis, SC. Vídeo cortesia de Juliano Matos Silva.



Tipulidae, provável Tipula (Eumicrotipula) emergindo da pupa, fotografada em São Roque de Minas, MG. Foto cortesia de Hugo Dolsan.



Ozodicera sp., fotografado em Doutor Pedrinho, SC, foto de Luís Adriano Funez.



Tipula (Eumicrotipula) fotografada em São Paulo, SP. Foto de Walther Ishikawa.




Tipulidae, gênero Nephrotoma, medindo 14 mm (somente o corpo), fotografado, em Vinhedo, SP. Fotos de Walther Ishikawa.



Tipulidae do gênero Brachypremna, mostrando sua típica postura. Mede cerca de 12 cm, incluindo as pernas. Fotos de Doni Gouvêa..



Limoniidae: Mais numerosos, no Brasil são descritas 481 espécies em 38 gêneros. Adultos Limoniidae costumam ser menores, e pousarem com as asas fechadas, paralelas ao eixo do corpo. Geralmente possuem o rostro curto, sem nasus. Quando o rostro é mais desenvolvido (Geranomyia, Elephantomyia e Toxorhina), possuem peças bucais bastante alongadas. Há diferenças também na venação alar e segmentação das antenas. Suas larvas são aquáticas ou semi-aquáticas, colonizando variados ambientes, desde depósitos de material vegetal nas margens de riachos, lagos e pântanos, fitotelmata de bromélias, a superfícies higropétricas. Existem ainda espécies que vivem em bolsões de material gelatinoso produzido pela própria larva. Toleram salinidade e poluição, algumas espécies vivem nas zonas de entre-marés marinhas. Larvas se alimentam de algas e material em decomposição, raras espécies são predadoras, como muitos Limnophilinae. Existem espécies troglóbias.






Típulas (Limoniidae) Rhipidia, coletados em um filtro de um lago ornamental com tartarugas, em Vinhedo, SP. Estavam em um local com correnteza, raso, praticamente um ambiente percolado, com seus espiráculos anais emersos. Construíam tocas com debris, mas menos elaborados do que os Chironomidae. Fotos de Walther Ishikawa.




Detalhes dos mesmos limonídeos Rhipidia das fotos acima. A cápsula cefálica retrátil no tórax, característico dos Tipulomorpha. Detalhe dos espiráculos posteriores rodeados por lobos tentaculares, no caso, cinco lobos, típico da família Limoniidae. Fotos de Walther Ishikawa.



Rhipidia, adulto das larvas anteriores, fotografado próximo do local onde estavam as larvas. Note as asas paralelas ao corpo, típico de Limoniidae. A cor das antenas é característico deste gênero. Fotos de Walther Ishikawa.












Limoniidae Geranomyia sp. que surgiram em um paludário, devorando avidamente folhas de Salvinia. Larvas, pupa e o mosquito adulto. Note a longa probóscide, típica deste gênero. Fotos de Walther Ishikawa.



 

 

 

 


Larvas de Limoniidae envolvida por um bolsão de material gelatinoso sobre uma folha. Provável Geranomyia, fotos na Floresta de Santo André, SP sobre folhas de Calathea (primeira foto) e Geonoma (demais), cortesia de Israel Mário Lopes; vídeo registrado em Piabetá, Magé, RJ, cortesia de Leonardo Chaves.



 

Provável larva de Geranomyiaenvolvida por material gelatinoso sobre uma folha, fotografada na Mata Atlântica, São Miguel Arcanjo, SP. Fotos gentilmente cedidas por João P. Burini.





 

Pupas de provável 
Geranomyia, encontrada 
envolvida por material gelatinoso sobre uma folha, fotografada na Mata Atlântica, Peruíbe, SP. Fotos gentilmente cedidas por Thiago Malpighi.







Larvas de outra espécie de Limoniidae, talvez Sigmatomera, coletado em um reservatório de água em um buraco de tronco de árvore, em Vinhedo, SP. Fotos de Walther Ishikawa.



Larva de Limoniidae amazônico, alguns gêneros têm esta expansão do sétimo segmento abdominal, como os Hexatoma e Limnophila. Esta é uma das poucas espécies predadoras deste grupo. Imagem cortesia da Dra. Neusa Hamada (INPA) (imagem extraída de Pinho LC, in Hamada N, et al. 2014, veja bibliografia na segunda parte do artigo).





Limoniidae, larvas de 
Hexatoma ou Limnophila, fotografadas em riachos de MG e ES. Fotos de Flávio Mendes.




Pupa de outra espécie, coletada em Caraguatatuba, SP. Algumas pupas podem lembrar Chironomidae, mas geralmente não são aquáticas, têm as pernas retas e mais longas do que as asas. Fotos de Walther Ishikawa.





Veja uma Chave de Identificação de Típulas Adultas (espécies brasileiras) no artigo  aqui .



Bibliografia (incluindo os outros artigos sobre dípteros), agradecimentos e créditos fotográficos podem ser vistos  aqui .
 
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