INÍCIO ARTIGOS ESPÉCIES GALERIA SOBRE EQUIPE PARCEIROS CONTATO
 
 
    Espécies
 
Neritina Antracita  
Artigo publicado em 16/10/2021  


Nome popular: Neritina Antracita

Nome científico: Neritina pulligera (Linnaeus, 1767)

Família: Neritidae

Origem: Ásia e Oceania

Sociabilidade: Grupo

pH: 7.0 a 8.0

Temperatura: 24 a 28ºC

Dureza da água: Dura

Tamanho adulto: 4,0 cm

Alimentação: herbívoro - plantas em decomposição e algas

Dimorfismo sexual: o macho possui um complexo peniano como nas Ampulárias, e a fêmea possui dois gonoporos, um para a saída dos ovos e outro para a entrada do espermatóforo.

Comportamento: Pacífico



Neritina pulligera, foto de Chris Lukhaup.


 

No Brasil são encontradas somente três espécies de Neritinas, a Neritina zebra, e as duas espécies parecidas Neritina virginea e Neritina meleagris. Porém, há alguns registros de importações acidentais de outras espécies mais incomuns, como esta, Neritina pulligera.

Neritina pulligera é uma espécie comum, grande, com ampla distribuição, e bastante popular como animal de aquário no exterior. São chamadas em inglês de Military Helmet Nerite ou Black Racer Nerite entre aquaristas, e de Dusky Nerite popularmente. Em Portugal e na Espanha, são chamadas de Caracol Antracita, que é o nome que adotamos nesta ficha. Sua concha é mais achatada e com espira mais baixa do que outras Neritinas, lembrando um pouco até uma Lapa. Sua descrição é bastante antiga, esta espécie é a espécie-tipo do gênero Neritina.

Sua concha é hemisférica, parecendo um "boné". Globoso, e com espira bastante baixa, muitas vezes mergulhada no último giro. Periostraco espesso e enegrecido, conferindo o aspecto geral escuro da concha, onde são visíveis linhas de crescimento. Quando periostraco é removido, outras cores da concha podem surgir, amarelada ou acastanhada. Visto por baixo, a abertura da concha é alaranjada brilhante. Columella bastante desenvolvida, com projeções laterais, podendo ter cores vivas. Não há umbilicus. Opérculo em formato de "D", com padrão espiralizado na sua superfície. O corpo é escuro na região dorsal, acompanhando o padrão da concha. Possui tentáculos cefálicos, mas mais curtos do que nas espécies brasileiras.



 

Neritina pulligera, 30 mm, exemplares da Austrália e Papua-Nova Guiné. Fotos de Thomas Eichhorst, portal Neritopsine Gastropods (Licença Creative Commons, veja link no final do artigo).



Vale a pena mencionar que a taxonomia desta espécie é bastante complexa, com muitas espécies que eram consideradas sinônimos-menores sendo validadas baseadas em estudos moleculares, e espécimes de distribuições específicas sendo consideradas espécies distintas. Considera-se hoje um grande complexo de espécies Neritina pulligera, com cerca de dez espécies muito parecidas, incluindo N. canalis, N. petitii, N. asperulata, etc. Por exemplo, espécimes africanos previamente identificados como N. pulligera são hoje considerados outras espécies, como N. knorri e N. stumpffi. N. pulligera sensu stricto é encontrado na Ásia e Oceania, desde o sul do Japão até Bali, Micronésia e Samoa. 





Provável Neritina pulligera, importada acidentalmente. Fotos de Heraldo Cidrão.


 

Reprodução: Assim como outros Neritídeos, a Neritina pulligera é uma espécie dióica, que não elimina seus gametas na água, a fecundação sendo interna. O macho possui um complexo peniano como nas Ampulárias. Durante a cópula, o macho fica sobre a fêmea e posiciona-se do lado direito desta, inserindo seu pênis em baixo da borda do manto da fêmea, transferindo o espermatóforo. Após a fecundação, a fêmea deposita os minúsculos ovos agrupados no interior de uma cápsula rígida, aderida a qualquer substrato disponível tal como madeira, conchas de moluscos, rochas e folhas caídas. 

            O desenvolvimento inicial das larvas ocorre no interior das cápsulas rígidas, onde os embriões e depois as larvas ficam imersos em um fluido (líquido albuminoso ou albúmen), isolados do meio externo. Somente um embrião se desenvolve por cápsula, os demais são absorvidos servindo de alimento. As cápsulas se abrem, liberando as véligeres planctônicos, que migram para regiões mais salinas onde completam seu desenvolvimento, e há posterior retorno dos juvenis para os rios.

Desta forma, a criação em cativeiro é bastante difícil, o desenvolvimento completo ainda não foi documentado, mesmo em trabalhos científicos.



Provável Neritina pulligera, importada acidentalmente. Foto de Heraldo Cidrão.


 

Outras Informações: Habitam rios límpidos com correnteza,  água doce ou salobra. Alimenta-se de material vegetal em decomposição com um importante papel na reciclagem de nutrientes. Possui hábitos noturnos. Sugere-se a manutenção em águas duras e alcalinas, para prevenir erosões na sua concha.

Não se alimentam de plantas aquáticas. São excepcionais algueiros, mas têm o inconveniente de depositarem cápsulas de ovos nos vidros, rochas, etc. Parece ser mais robusto do que outras espécies de Neritina, suportando maiores variações nos parâmetros. Seu periostraco mais espesso também previne erosões na concha. Não sai da água, assim podendo ser mantido em aquários abertos.



Provável Neritina pulligera, importada acidentalmente. Fotos de Heraldo Cidrão.






Bibliografia:

  • Abdou A, Galzin R, Lord C, Denys GPJ, Keith P (2017) Revision of the species complex “Neritina pulligera” (Gastropoda, Cycloneritimorpha: Neritidae) using taxonomy and barcoding. Vie et Milieu 67: 149–161. 
  • https://neritopsine.myspecies.info/taxonomy/term/242

Agradecemos ao aquarista Heraldo Cidrão pela cessão das fotos para o artigo. Sugerimos aos leitores também uma visita ao portal Neritopsine Gastropods, com muitas imagens e informações interessantes destes moluscos. O site pode ser visto  aqui .




 As fotografias do portal Neritopsine Gastropods (veja link acima) estão licenciadas sob uma  Licença Creative Commons . As demais fotos têm seu "copyright" pertencendo aos respectivos autores.
 
« Voltar  
 

Planeta Invertebrados Brasil - © 2024 Todos os direitos reservados

Desenvolvimento de sites: GV8 SITES & SISTEMAS