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Erosão na Concha de Moluscos - Parte 3 |
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Edson Paveloski Jr. e Walther Ishikawa - Erosão na Concha de Moluscos |
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Erosão na Concha de Moluscos - Parte 3
Reparando conchas Uma vez perdido, o Periostraco não pode ser renovado pelo animal. Muitas vezes a sua lesão é o fator precipitante mais importante no processo de erosão da concha, e muitas vezes negligenciado. Por outro lado, o reparo no Periostraco é relativamente simples, pode ser feito com a aplicação de algum verniz inerte e de secagem rápida na superfície externa da concha. O mais utilizado é o Esmalte de Unha comum, incolor, geralmente composto de Laca de Nitrocelulose, uma substância inerte quando seca. A concha deve ser bem limpa antes da aplicação, com um pincel grosso, e também bem seca. A secagem do esmalte é rápida, em poucos minutos. Se o caramujo doente é criado no aquário com outros caramujos, pode acontecer dos outros animais comerem a camada de esmalte. Isto não leva a grandes conseqüências, nem ao caramujo doente nem ao que ingeriu o esmalte. Só vai ser necessária uma nova aplicação do esmalte. Inclusive, alguns criadores usam esmaltes coloridos, para facilitar a visualização da integridade da camada de esmalte, ou ainda, para marcar animais machos e fêmeas. Outros fazem a aplicação do verniz até de forma preventiva, em animais que serão mantidos em tanques com pH mais baixo ou injeção de CO2, mas é uma prática questionável.
Pomacea maculata, bastante idosa, com erosões extensas na concha, apesar das condições de água adequadas e alimentação balanceada. Note a erosão bastante pronunciada na borda da concha, perto da abertura. Foi aplicado esmalte de unha comum, as primeiras fotos mostram antes e após a aplicação. As fotos seguintes mostram o crescimento da nova concha, de aspecto saudável, após duas semanas. Fotos de Walther Ishikawa.
Pomacea diffusa com extensa erosão na concha. Foi aplicado esmalte de unha comum, as últimas fotos mostram o crescimento da nova concha. Note também que houve destacamento de parte do esmalte. Fotos de Raíla Guimarães.
Pomacea diffusa, concha rachada por acidente. Há perda de fragmento da concha, mas somente na porção próxima à abertura, onde é "cicatrizável". Foi aplicado esmalte de unha na porção superior da concha, onde havia rachaduras. Nas últimas fotos, o caramujo recuperado, note o crescimento de nova concha na área perto da abertura, inicialmente com uma fissura, depois com crescimento normal. Fotos de Duna Rodriguez.
Para erosões mais profundas e outros danos (como fraturas e fissuras), pode haver a necessidade de usar algum material de enxerto, para tampar buracos maiores. Inclusive, nestas situações o esmalte não deve ser aplicado. Boas opções são pedaços de conchas de Ampulárias mortas, pedaços de cascas de ovos, ou a membrana interna da casca de ovo. Devem ser bem lavadas e limpas, e bem secas antes da aplicação (uma dica é o uso de forno de micro-ondas, o que também auxilia na esterilização da peça). A concha junto à erosão também deve ser limpa, mas tomando-se bastante cuidado para não ferir o tecido do animal exposto. Os pedaços das conchas são colados com cola instantânea (“Super-Bonder”), cuja composição é cianoacrilato, um material atóxico quando polimerizado. O buraco na concha não precisa ser hermeticamente ocluído, estes enxertos têm a vantagem de permitir o depósito de mineral na sua superfície pelo molusco. Pode ser um pedaço grande de enxerto, mas pode ser necessário pequenos pedacinhos sobrepostos, especialmente em áreas muito curvas. Pequenos buracos podem ser ocluídos somente com cola instantânea. Além da secagem no ar, o contato com água leva à secagem imediata da cola, o único inconveniente é deixar a cola com um aspecto esbranquiçado. Aplica-se a cola, aguardando alguns minutos para aderir bem à concha, e mergulha-se a concha na água, com sua solidificação imediata. Obviamente deve-se atentar para não haver contato da cola com as partes moles do animal. Outra cola bastante usada é o à base de epóxi (“Araldite” e "Durepoxi"), de preferência o de secagem rápida. Também é inerte quando curado, e apesar de menos prático, sua resistência e durabilidade são maiores, com a desvantagem de ser mais pesado. É necessário esperar a cura completa (até cerca de uma hora) para colocar o animal de volta à água. Um último lembrete óbvio, mas que vale a pena ser reforçado: estes enxertos são permanentes, e nunca devem ser retirados após o crescimento do animal.
Concha reparada com aplicação de pedaços de casca de ovos. As primeiras fotos mostram a concha fraturada após um acidente com queda. As demais já mostram os enxertos, a penúltima imagem é do aquário hospital para recuperação. Fotos gentilmente cedidas por Ashley Hudson.
Ampulária com fratura na concha após queda, concha reparada com aplicação de pedaços de casca de ovos. As últimas fotos mostram a recuperação completa com crescimento da concha. Alguns fragmentos de casca de ovo se soltaram. O intervalo entre a primeira e última foto é de 5 semanas. Fotos gentilmente cedidas por Tay Danielle.
Ampulária com grande fratura na concha após uma queda, mas sem exposição de estruturas nobres. A concha foi reparada com aplicação de pedaços de casca de ovos. Na última foto, houve destacamento espontâneo dos enxertos, mostrando a concha neoformada sobre a face interna da membrana do ovo aplicada. Fotos gentilmente cedidas por Tasha Adams.
É importante lembrar que nem todo buraco na concha precisa ser tratado com estes enxertos. Erosões completas na ponta de conchas de Ampulárias são bem comuns, se for somente da sua extremidade, costuma ser bem tolerado. Da mesma forma, buracos mais próximos à abertura da concha também não precisam ser ocluídos, nesta região o molusco tem condições de refazer a camada mineral de forma bastante eficaz, se for mantido em condições adequadas. O mais perigoso são falhas na região média da concha, onde está boa parte do corpo do animal. Se próximo da cavidade branquial ou rins, estas erosões podem levar à morte do animal rapidamente.
Ampulária com fratura na concha após uma queda, com herniação / eventração da cavidade do manto, um caso bastante grave. A concha foi reparada com aplicação de pedaços de casca de ovos. Na última foto, houve destacamento espontâneo dos enxertos, mostrando a concha neoformada Fotos gentilmente cedidas por Paige Vazquez.
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Agradecimentos a Stijn Ghesquiere, responsável pelo portal applesnail.net , e também a Bill Frank ( Jacksonville Shell Club ), por permitir o uso do material e fotos. Agradecimentos também aos aquaristas e fotógrafos Josivaldo dos Santos Júnior, Marne Campos, Arthur Belver, Duna Rodriguez, Nathalia Caser, Raíla Guimarães, Nelson Wisnik, Stephanie Maks (EUA), Elinor Jones (EUA), Terri Bryant (EUA), Chris Stuart (EUA), Ashley Hudson (EUA), Triona Verch Annwn (EUA), Tay Danielle (EUA), Tasha Adams (EUA), Paige Vazquez (EUA), E.R. Daligga (EUA), Emily Boswell (EUA), Stacy Berberich (EUA) e Jody Larsen (EUA) pela cessão das imagens, e a Ulli Bauer (Alemanha), Cláudio Moreira, Thomas Koppe, Taiane Siman, Rodrigo Cazorlas e Ana Carolina Azevedo Dutra por valiosas informações. Agradecemos também à equipe do Centro de Bioengenharia de
Espécies Invasoras de Hidrelétricas (CBEIH), representada por Gabriela
Rabelo Andrade, e pelo Dr. Arnaldo Nakamura Filho pelo apoio e pelo
uso da imagem de microscopia eletrônica.
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